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Empresas pró-Bolsonaro contratam campanha contra o PT no WhatsApp

quinta-feira 18 de outubro de 2018 às 13:01h

Empresas apoiadoras do candidato a presidente da República Jair Bolsonaro estão comprando pacotes de mensagens contra o PT, para serem disparados a milhares de usuários do WhatsApp, na semana que antecede o segundo turno das eleições.

De acordo com informações publicadas na Folha de São Paulo, cada contrato custa cerca de R$ 12 milhões e configuraria crime eleitoral, já que a prática se enquadra como doação. Este ano, pela primeira vez, empresas estão proibidas de contribuir com os candidatos, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

A base de usuários que receberão os textos é conseguida por meio de agências de estratégia digital, ou por intermédio da campanha do próprio candidato, diz a publicação.

Isso também é ilegal, pois a legislação eleitoral proíbe compra de base de terceiros, só permitindo o uso das listas de apoiadores do próprio candidato – números cedidos de forma voluntária. No entanto, os dados dos usuários muitas vezes são fornecidas ilegalmente, por empresas de cobrança ou por funcionários de empresas telefônicas.

Quando usam bases de terceiros, essas agências oferecem segmentação por região geográfica e, às vezes, por renda. Enviam ao cliente relatórios de entrega contendo data, hora e conteúdo disparado.

A repórter Patrícia Campos Mello, da Folha, conta que foi feito contato com algumas dessas agências de estratégia digital, e que elas afirmaram não poder receber pedidos antes do dia 28 de outubro, data da votação, afirmando ter uma grande quantidade de serviços de disparos no WhatsApp até lá.

As empresas que teriam contratado o serviço de “disparo em massa” não foram divulgadas, mas entre elas estaria a Havan, cujo dono é suspeito de coagir funcionários a votarem no capitão reformado. Em vídeo que viralizou nas redes sociais, ele aparece dizendo que, se o PT ganhar o pleito, a loja de departamento Havan pode deixar de criar empregos.

O proprietário Luciano Hang, no entanto, nega. “Não temos essa necessidade. Fiz uma ‘live’ aqui agora. Não está impulsionada e já deu 1,3 milhão de pessoas. Qual é a necessidade de impulsionar? Digamos que eu tenha 2.000 amigos. Mando para meus amigos e viraliza.”

A posição é a mesma da empresa contratada para fazer a campanha de Bolsonaro, a AM4 Brasil Inteligência Digital, que diz ter recebido R$ 115 mil para financiar as estratégias do candidato nas mídias digitais. Segundo Marcos Aurélio Carvalho, um dos donos, a AM4 tem apenas 20 pessoas trabalhando na campanha. “Quem faz a campanha são os milhares de apoiadores voluntários espalhados em todo o Brasil. Os grupos são criados e nutridos organicamente”, diz.

Já o candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad, disse que pedirá providências à Justiça Eleitoral contra Jair Bolsonaro (PSL) e empresários. “Vamos pedir providências para a Justiça Eleitoral para que empresários que fazem isso sejam presos, para impedir o deputado Bolsonaro de violentar a democracia, como fez a vida toda”, afirmou em entrevista à Rádio Tupi, do Rio de Janeiro.

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