O presidente Jair Bolsonaro foi atacado por uma ema enquanto tentava alimentar os animais na tarde desta última segunda-feira (13) no Palácio da Alvorada. A imagem da “bicada” foi captada por fotógrafos e cinegrafistas. Interagir com as emas tem sido uma das distrações de Bolsonaro, que está isolado na residência oficial desde que foi diagnosticado com o novo coronavírus.
Os animais são uma atração à parte do Alvorada, um dos pontos turísticos de Brasília. Dezenas de emas ficam no gramado em frente ao Palácio, protegidas por um fosso que separa a edificação da área a que visitantes têm acesso.
Não é a primeira vez que as emas protagonizam incidentes com presidentes da República. Segundo o jornal Estadão, durante a ditadura militar, elas foram “expulsas” pelo presidente Ernesto Geisel (1974-1979), pois perturbavam seus cachorros, da raça dálmata. Imediatamente, cobras passaram a frequentar o local, e as emas, predadoras naturais, foram readmitidas.
Em 1997, Bill Clinton, então presidente dos Estados Unidos, visitou o País e concedeu entrevista coletiva nos jardins do Palácio, ao lado do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Para garantir a segurança de todos, as emas foram temporariamente presas.
A interação entre emas e cães voltou a ser problemática durante o governo Dilma Rousseff (2011-2016). Nego, labrador da ex-presidente, que antes pertenceu ao ex-ministro José Dirceu, também tinha uma relação beligerante com as aves. Segundo Dilma, elas, no entanto, não eram “santas” e também atacavam o cachorro.
Thor, golden retriever do filho do ex-presidente Michel Temer (2016-2018) também era alvo das emas do Palácio da Alvorada e também no Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência.
As aves estão no Alvorada desde os primeiros anos de funcionamento da residência oficial. De acordo com a Secretaria-Geral da Presidência da República, as mais recentes são provenientes de apreensão do Ibama. A resposta, data de 2016, consta de pergunta feita por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
A alimentação das emas e dos demais animais silvestres que habitam o palácio e a Granja do Torto – como papagaios, araras, canários, jabutis e peixe, entre outros – custava, mensalmente R$ 8.829,63 aos cofres públicos em 2016. As emas da Presidência, em particular, são alimentadas com ração de avestruz, mas são aves conhecidas por um paladar pouco exigente e costumam comer de tudo.
Ainda segundo a então Secretaria-Geral da Presidência da República, os dois imóveis têm registro de “mantenedor de fauna e área de soltura”. Veterinários do zoológico de Brasília acompanhavam a saúde de todos os animais silvestres do Palácio, conforme resposta dada pela pasta em 2016.
As emas são a maior ave silvestre do território nacional e das Américas. Aos criadores habilitados, elas são fonte de carne, ovos, couro e penas, possuem custo baixo e são consideradas rentáveis. Costumam ter até 1,80 m de altura, de 40 a 45 quilos e viver até 40 anos.
Durante a choca dos ovos, os machos costumam ficar agressivos. Elas não têm dentes, assim como todas as aves. Procurado, o Palácio do Planalto não se pronunciou até a publicação da reportagem e não havia informado se o presidente se feriu.