Cacá Leão, o recém-nomeado presidente do Progressistas em Salvador, revelou à Tribuna planos para fortalecer o partido visando as eleições de 2024. Com foco na ampliação da base na Câmara de Vereadores, o gestor almeja eleger pelo menos seis vereadores. Enquanto isso, a especulação sobre a permanência da vice-prefeita Ana Paula Matos ganha destaque, com Cacá expressando apoio à sua continuidade na chapa com o prefeito Bruno Reis. Quanto à gestão municipal, destaca-se a atuação eficiente em áreas como infraestrutura e resposta a desastres naturais, embora reconheça a constante necessidade de aprimoramento. Em relação à política estadual, Cacá comenta sobre a possibilidade de reeleição do presidente da Câmara, Carlos Muniz, e faz uma avaliação crítica da gestão do governador Jerônimo Rodrigues. As informações são de Guilherme Reis, Henrique Brinco, Paulo Roberto Sampaio , do jornal Tribuna da Bahia.
Tribuna – O senhor assumiu o Progressistas em Salvador. Quais são agora as suas prioridades e planos principalmente esse ano aí tendo em vista as eleições?
Cacá Leão – Olha, primeiro motivado com o desafio novo, né? Numa conversa interna, no começo do ano, tinha ficado a cargo da minha pessoa que a gente trouxesse e montasse esta questão da estruturação do partido aqui em Salvador. E, na última semana, numa conversa com os colegas, com o presidente do partido, o deputado Mário Negromonte Júnior, me pediram para que eu assumisse a presidência do partido para ter mais condições. Eu já estava fazendo essa interlocução, mas como vice-presidente estadual, como uma pessoa da executiva estadual e nacional do partido, me pediram que eu assumisse a presidência municipal do partido, para realmente fazer essa interface com os candidatos a vereador. O partido hoje é um dos maiores partidos na Câmara de vereadores. A gente tem seis vereadores, então o nosso objetivo é ampliar essa base. A gente quer conseguir eleger, pelo menos, seis vereadores nas eleições de 2024. E aí eu assumi verdadeiramente nessa condição de poder dialogar. Vou continuar fazendo a mesma coisa que eu faço aqui na Secretaria, de interface com os demais partidos, dialogando com os partidos que compõem a base do prefeito, mas agora também com os olhos voltados para o meu partido, pro Progressistas, e principalmente com a meta de ampliar nas urnas nas eleições de 2024 esse número de seis vereadores.
Tribuna – O partido vai continuar com Bruno Reis em Salvador. E na esfera estadual, na Assembleia, qual é a posição do partido hoje?
Cacá Leão – Olha, a questão está principalmente para a bancada estadual do partido. Logo após o resultado das eleições de 2022, os deputados que se elegeram decidiram seguir pelo caminho de apoio ao governo [Jerônimo]. A gente respeita a posição individual dos deputados. Essa não é uma posição de partido. O partido não compõe os partidos da base do governo, não é e não foi uma decisão referendada pelo partido a nível estadual. Enfim, uma decisão da bancada que eu volto a dizer: a gente respeita a posição individual dos parlamentares. Eles estão dialogando, eles estão conversando com o governo, cada um tratando dos seus interesses, mas o partido ainda não fez essa conversa. O partido tem aí o interesse do partido a nível estadual. Agora é ampliar o seu número de prefeitos. A gente elegeu 92 prefeitos nas urnas em 2020. A gente vai trabalhar agora em 2024 para ampliar esse número. Depois disso, a gente vai começar a trabalhar com foco nas eleições de 2026.
Tribuna – O senhor como articulador e acompanhando de perto os diálogos, qual a chance hoje, na sua avaliação, da vice-prefeita Ana Paula Matos continuar no posto?
Cacá Leão – Olha, Ana, primeiramente, é uma grande mulher, né? Uma mulher que representa as suas bandeiras de luta. É uma profissional das mais competentes que eu já conheci em toda a minha vida, uma capacidade de trabalho muito grande, todos os lugares por onde ela passou dentro da gestão, seja do ex-prefeito ACM Neto, seja hoje na condição de vice-prefeita, secretária de governo, secretária de assistência social, hoje é secretária de saúde. Isso lhe dá os predicados para poder pleitear continuar na condição de vice-prefeita do prefeito Bruno Reis. O prefeito diz que vai tratar disso, principalmente após o anúncio da sua decisão. Está fazendo pesquisas, está conversando com o povo de Salvador para tomar a decisão se será candidato à reeleição ou não. Eu particularmente acredito que sim. E Bruno será candidato à reeleição. Por tudo o que eu estou vendo, por tudo o que eu estou ouvindo. O prefeito está fazendo e está escutando o povo para tomar a sua decisão pessoal e acredito que Ana tem todos os pré-requisitos para continuar na chapa com ele. Eu particularmente, e aí falo como pessoa física, como eleitor, e agora também como presidente de partido. Do nosso desejo de que em time que está ganhando não se mexe.
Tribuna – Essa semana surgiu até uma especulação na imprensa sobre o nome de Léo Prates, inclusive o PDT já nem impunha dificuldade. O senhor chegou a receber essa informação? Isso procede?
Cacá Leão – Olha, eu li isso na imprensa, Léo é um grande quadro e um querido amigo. Também é um dos melhores quadros da política da Bahia, faz um mandato de deputado federal. Brilhante, né? Os dois são do mesmo partido, os dois são do PDT, que compõem aqui a nossa base também. Então acho que isso é uma discussão que vai acontecer, que vai ser feita internamente, né? Em uma decisão que o partido vai trazer após estas discussões que eles vão fazer para o prefeito Bruno Reis. Então, a decisão interna é do PDT. É um bom nome que compõe, que agrega. É como eu já falei inclusive anteriormente, tem uma torcida. Você está perguntando da minha predileção. Acho que Leo faz um grande trabalho em Brasília. A Bahia não pode perder, neste momento, um deputado federal do seu quilate, como Ana também faz aqui um grande trabalho como vice-prefeita. Então, se a gente pudesse fazer essa acomodação, aí tudo continuaria como está. Essa seria a minha torcida. Mas é uma decisão do PDT, do partido deles, e com certeza, a partir do momento que se faça essa decisão, o PDT vai trazer para o prefeito, vai trazer para os partidos da base para a gente ampliar essa discussão.
Tribuna – Na sua avaliação, qual a área de maior destaque na gestão de Bruno e qual aquela que talvez ainda precise de mais investimentos, mais atenção?
Cacá Leão – Olha, Salvador e os seus 171 bairros, né? Agora, a partir da aprovação da Câmara de Vereadores, da criação do bairro ali do Aquarius, com a divisão da região da Pituba, tem intervenção da gestão do prefeito Bruno Reis. Trabalha amplamente por toda a cidade. Eu acho que o povo soteropolitano tem poder de ver isso. Tem podido enxergar a presença da prefeitura, a presença do governo espalhado pelos quatro cantos da cidade mesmo. Na época, como essa de chuvas intensas, de chuvas fortes, quando no passado a gente via tragédias e outras coisas. Hoje a ocorrência dos defeitos das chuvas é bem menor na cidade de Salvador, então isso mostra eficiência da gestão, trabalho espalhado. É óbvio que Salvador é uma cidade que demanda todos os dias, de ampliação, melhorias nos seus serviços como um todo, diariamente. Mas até aqui a gestão, a prefeitura procura fazer a sua parte, procura apresentar sempre uma melhor condição e uma melhoria realmente significativa na prestação dos serviços da cidade.
Tribuna – O senhor vê a competitividade no nome de Geraldo Júnior como candidato da oposição a prefeito de Salvador?
Cacá Leão – A eleição é sempre eleição, né? Eu parto do pressuposto que a gente não escolhe adversário. Os grupos políticos escolhem os seus candidatos. O vice-governador Geraldo Júnior foi escolhido pelo seu grupo político, vai poder apresentar as suas propostas, vai poder apresentar a sua história de vida. Mas eu acredito muito na reeleição do prefeito Bruno Reis. Inclusive com números históricos, acredito que a gente pode ter, inclusive, um desempenho melhor do que aconteceu nas eleições de 2020.
Tribuna – Também se comenta que o presidente da Câmara, Carlos Muniz, tem se articulado já pensando numa possível reeleição para presidente da Câmara. Acontecendo isso, o Palácio do médio de Souza vai apoiar essa reeleição de Muniz que, inclusive, tem uma ótima relação tanto com Bruno, quanto com Jerônimo?
Cacá Leão – O presidente Muniz é um dos melhores quadros da política de Salvador e da Bahia. Conheço há muito tempo. Um homem sério, de palavra, cumpridor dos seus acordos e dos seus compromissos. Ouvi dele uma frase esta semana, que foi das mais sábias que eu já ouvi. “Se me perguntar se eu tenho o desejo de disputar a reeleição de presidente, tenho sim. Agora, primeiro, eu preciso conversar com o povo, porque eu preciso me reeleger vereador”. Então o presidente Muniz está focado na sua reeleição como vereador. Acredito que será sim um dos vereadores mais votados da cidade de Salvador, pela sua história, pelo seu trabalho, e acredito que ele tem total condição de pleitear a sua recondução como presidente da Câmara de Vereadores de Salvador.
Tribuna – Na sua avaliação, como é que o Jerônimo Rodrigues tem se saído até agora no governo? E a gente vê, inclusive, que a educação e segurança parecem ter sido os maiores problemas até então.
Cacá Leão – Olha, vai começando o 18º ano da gestão de governadores do PT, né? Foram 8 anos de Jaques Wagner, 8 anos de Rui Costa. E agora entramos no segundo ano do governador Jerônimo Rodrigues, que venceu as eleições com a força política do presidente Lula, com a força política da máquina estadual e do seu grupo político. E até o momento a gente enxerga mais do mesmo. Não consigo. Não conseguimos ver nenhuma novidade que venha a despertar essa mudança para o novo governo. A gente tem visto aí inclusive algumas falas infelizes do governador, como na última semana. A questão da portaria da aprovação direta dos alunos, a fala onde ele faz menção a esse assunto, a essa questão que eu particularmente sou completamente contrário. Devemos incentivar os alunos a aprenderem mais, aos professores de estarem na melhor condição de transmitir um conhecimento maior. Então, sou contra essa questão da aprovação em massa dos alunos.
Tribuna – Como está avaliando a gestão de Lula?
Cacá Leão – O presidente Lula começou uma gestão com o formato de 2002, quando ele assumiu o governo pela primeira vez. Ao longo desse primeiro ano, ele viu que o mundo mudou. Que a forma de relação com o Congresso mudou. Foi um aprendizado. É óbvio que distensionou a relação com os três poderes, mas ainda é pouca coisa. O Brasil precisa de mais e o governo ainda está engatinhando nessa questão.