O debate entre os candidatos à Presidência da República promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e transmitido, ao vivo, pela TV Aparecida, na noite desta quinta-feira (20/9), não trouxe o que muitos esperavam: um embate mais duro entre os candidatos do PT, Fernando Haddad, e do PDT, Ciro Gomes. Ambos brigam pelo espólio eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por uma vaga no segundo turno, quando, provavelmente, um deles enfrentará o candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
O que se viu foi um debate morno, entre dois adversários que se tratam como “amigos”. O momento que trouxe alguma tensão entre eles foi quando Ciro perguntou a Haddad o que ele faria para solucionar a “maior distorção de todas as gravíssimas distorções do país: o sistema tributário”.
Haddad disse que suas propostas consistem em garantir a estados e municípios que suas receitas de impostos não vão cair ao longo da transição do sistema tributário e fixar um imposto de valor agregado que congregue todos os outros tributos sobre consumo para simplificar e diminuir a carga tributária beneficiando os mais pobres.
Ciro Gomes replicou: “O amigo me perdoe, mas eu vou dar uma pinicadinha”. E perguntou sobre o porquê de o PT não ter posto em prática essas propostas em 16 anos de governo. O pedetista lembrou que as propostas apresentadas pelo petista são defendidas por ele desde 1996, quando escreveu um livro.
Ética e corrupção
Antes, no primeiro bloco, os candidatos responderam a uma pergunta do cardeal Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo: se é possível acreditar na retomada do caminho da ética e combate à corrupção. Boulos destacou que é necessário “refundar a democracia brasileira e acabar com o toma-lá-dá-cá”; Haddad falou em “fortalecer todas as instituições de combate à corrupção no Estado”. Alvaro Dias defendeu a Lava Jato e disse que ela tem que ser “política de Estado”.
Ciro destacou que é preciso apresentar ao eleitor ideias, “para que o eleitor vote em ideias, e não em caudilhos”. Meilrelles ressaltou que os cargos públicos devem ser ocupados por “pessoas competentes e honestas”. Marina cobrou mais medidas para “fortalecer Ministério Público e Polícia Federal”. Já Alckmin disse: “Quem enriquece na política é ladrão”.
No quinto e último bloco, a palavra voltou para representantes da Igreja Católica: bispos da CNBB questionaram os candidatos sobre questões como direito à vida, defesa da família e valores éticos.
Por Renan Xavier