O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), estabeleceu como o último ato de seu mandato conseguir eleger um sucessor numa votação sem sobressaltos e por meio de um acordo que promova uma rara convergência entre o PT de Lula da Silva e o PL de Jair Bolsonaro. Esse feito já foi alcançado num passado recente, quando Lira, em 2023, obteve uma votação recorde e se reelegeu no posto com o apoio das duas legendas.
Na reta final das negociações sobre quem deve ser apoiado por Lira na corrida pela sucessão, conforme mostra reportagem de
, da revista Veja desta semana, um consenso ainda se mostra distante. Os três principais postulantes – Elmar Nascimento (União Brasil), Antônio Brito (PSD) e Marcos Pereira (Republicanos-SP) – não dão sinais de que vão abrir espaço e desistir da disputa.Enquanto seus aliados brigam pela cadeira, Lira já definiu como fará o anúncio de seu sucessor de preferência. A primeira etapa dessa estratégia passa por evitar resistências por parte de duas das mais importantes figuras políticas do país. Assim que bater o martelo, Lira pretende procurar, quase que simultaneamente, o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em um movimento programado para acontecer sob total sigilo e longe dos holofotes, ele quer a bênção prévia dos dois, numa deferência aos caciques do PT e do PL, os maiores partidos da Câmara – juntos, eles representam 161 dos 257 votos mínimos necessários para garantir a eleição.
Temor de veto
O presidente da Câmara já teve conversas sobre a sucessão com os principais expoentes da política nacional. Bolsonaro, segundo relatos, se comprometeu a chancelar o candidato indicado pelo deputado alagoano – seja ele quem for. Por isso, o ex-presidente indica aos postulantes “estar bem” com Lira e trabalhar para ser o indicado dele.
Já Lula afirmou a Arthur Lira que não iria se envolver na disputa e que ele tem direito de fazer o seu sucessor – “assim como eu tenho o direito de fazer o meu”, acrescentou o presidente da República.
Espalhando acenos da direita à esquerda, a ideia de Lira é procurar Lula e Bolsonaro assim que bater o martelo sobre o nome do seu indicado. Com o gesto, ele quer dar a demonstração, ao mesmo tempo, de que haverá estabilidade nas pautas caras ao governo – principalmente a agenda econômica – e ainda de que a direita conservadora, que ocupa um espaço relevante no Congresso, também será ouvida e terá espaço.
No entorno de Lira, há o temor de que o presidente Lula possa vetar um dos nomes indicados – o que forçaria o PT a apoiar uma opção alternativa. Ao mesmo tempo, também há o reconhecimento de que nenhum presidente quer brigar com o Parlamento, e qualquer gesto negativo poderia gerar instabilidade ao próprio governo.
Se nada mudar, Arthur Lira deve indicar até o fim de agosto o nome do seu candidato.