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domingo 7 de novembro de 2021 às 12:25h

Em 6 meses de CPI da Covid, titulares cresceram 59% nas redes, diz levantamento

NOTÍCIAS, POLÍTICA


A prática adotada por Renan Calheiros (MDB-AL) de abrir caixas de perguntas em seu perfil no Instagram para receber sugestões do que questionar aos depoentes mostra como os senadores que integraram a CPI da Covid estavam bem cientes do engajamento da comissão nas redes. Em legado deixado pelas eleições de 2018, os congressistas usaram e abusaram das ferramentas de interação das plataformas digitais. O esforço parece ter surtido efeito.

Juntos, conforme o Poder 360, os senadores titulares da comissão parlamentar de inquérito ganharam mais de 2,2 milhões de seguidores nos 6 meses de comissão –de 27 de abril a 28 de outubro, como mostra levantamento da consultoria Bites feito a pedido do portal. A soma inclui contas no Twitter, Facebook e Instagram.

Entre os titulares governistas na comissão, o crescimento foi de 211% –ou 945.021 seguidores a mais. Já os congressistas do chamado G7 (de oposição ao governo) ganharam 1.257.102 seguidores no total, uma alta de 38%.

Segundo a publicação, o senador que mais ganhou seguidores foi o governista Marcos Rogério (DEM-RO). No Twitter, ele saltou de 7.539 em 27 de abril para 201.900 em 19 de outubro.

Renan foi o único que perdeu números nas redes. Sua página no Facebook saiu de 312.207 curtidas no começo do colegiado para 310.446 no final dos trabalhos. Leia abaixo um panorama do salto de seguidores dos congressistas no decorrer das investigações:

Trajetória de interesse nas redes

Levantamento da consultoria Arquimedes feito também a pedido do Poder360 mostra que, nos 3 primeiros meses de trabalho, o número de menções nas redes sociais relacionadas à CPI passou de meio milhão. Já a partir de agosto até setembro –antes do depoimento do empresário Luciano Hang–, as citações ao colegiado não chegaram a 200 mil.

“A CPI foi um dos destaques no debate das redes sociais no 1º semestre, sobretudo após o fim do Big Brother Brasil, e teve seu ponto alto no depoimento de Luis Miranda, quando apontou para suposta corrupção no governo Bolsonaro”, disse Pedro Bruzzi, sócio da consultoria.

Já na ausência da CPI, por conta do recesso do Legislativo, o voto impresso ocupou a pauta das redes, segundo o analista. “Mesmo com o retorno do colegiado, o bolsonarismo se manteve mobilizado, 1º com discussões sobre o voto impresso e na sequência com o 7 de Setembro”, diz.

Só no final de setembro, com o depoimento de Luciano Hang, aliado do presidente Jair Bolsonaro, foi que a comissão a ter um pico de engajamento na internet. A fala do dono das lojas Havan registrou um recorde de audiência no canal da TV Senado no YouTube. O vídeo teve mais de 1,5 milhão de visualizações na plataforma.

Entre memes, hashtags, comentários e discussões, perfis no Twitter dedicados exclusivamente ao assunto também se destacaram. Em 6 meses, o perfil “Camarote da CPI” (@camarotedacpi), lançado em abril, reuniu 97,3 mil seguidores. A conta, assim como outras de oposição, compartilhou não só informações sobre o colegiado, mas forneceu aos senadores informações sobre os depoentes que, muitas vezes, eram citadas pelos congressistas em tempo real.

Na ocasião em que a CPI ouviu a secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, o relator Renan Calheiros usou um vídeo produzido pelo perfil “Jairmer’s Vaccine Race” (antes nomeado como @jairmearrependi) que mostra a “Capitã Cloroquina” defendendo o uso do aplicativo TrateCov. Leia a entrevista do dono da página ao Poder360 sobre o uso de materiais produzidos na internet pelos senadores.

Buscas no Google

O interesse pela CPI da Covid no Google caiu nos 3 últimos meses de trabalho. Um levantamento do Poder360 mostra que o assunto mobilizou internautas em maio, apresentou um recuo em junho, voltou a crescer em julho e teve sua maior queda a partir de agosto.

A exceção na queda de interesse foi o depoimento do empresário Luciano Hang, em 29 de setembro. Excluindo esse episódio, as buscas por “CPI da Covid” no Google mantiveram um nível de interesse mais baixo desde o recesso parlamentar (de 18 a 31 de julho).

Segundo o Trends, a procura por informações sobre a comissão atingiu valor 15 (numa escala de 0 a 100) em 3 de agosto, quando os senadores ouviram o reverendo Amilton Gomes de Paula, no 1º depoimento depois da retomada dos trabalhos. Leia como foram as buscas no Google no período de trabalho (passe o cursor do mouse sobre o infográfico para visualizar os valores).

Para efeito de comparação, em seus dias mais populares, as buscas atingiram o valor 91 na semana de 16 a 22 de maio. Excluindo o depoimento do Hang (quando o valor foi de 100), o dia de maior busca foi em 19 de maio, quando o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello começou seu depoimento de 2 dias

A 3ª maior marca foi em 26 de julho, um dia depois de o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Fernandes Miranda, ex-chefe de Importação do Departamento de Logística em Saúde, contarem aos senadores sobre uma suposta pressão atípica na pasta pela importação de doses da vacina Covaxin.

Os depoimentos dos irmãos Miranda representaram uma virada de chave no foco de investigação da comissão. Ao alegarem que o presidente Bolsonaro foi alertado sobre irregularidades nos contratos de compra do imunizante indiano, eles abriram as discussões sobre corrupção. Foi quando a PGR pediu a abertura de um inquérito no STF para investigar o presidente Bolsonaro por prevaricação.

Antes, quando a comissão alcançou os melhores números no Google, em seu 1º mês de trabalho, os senadores investigavam se o governo federal teria sido omisso no combate à pandemia, os motivos para a demora na compra das vacinas, e se houve estímulo intencional do contágio da covid no país.

Também discutiam, a indicação de remédio sem eficácia comprovada –a hidroxicloroquina, tratada como “tratamento precoce”–, e a existência de um “gabinete paralelo” de aconselhamento ao presidente Bolsonaro durante a pandemia.

Saiba quais os os picos de engajamento da CPI Covid

  • 4 de maio: o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) relata tentativa de mudar a bula da cloroquina para incluir a indicação do seu uso no tratamento contra a covid-19, mesmo sem ter eficácia comprovada;
  • 5 de maio: o ex-ministro Nelson Teich (Saúde) diz que pediu demissão por falta de autonomia para conduzir a pasta e por divergências com Bolsonaro quanto à cloroquina. Segundo ele, o presidente dava ouvidos a “outros profissionais”;
  • 6 de maio: o ministro Marcelo Queiroga (Saúde), disse que não faria juízo sobre as opiniões de Bolsonaro. Depois, foi novamente convocado porque as declarações que deu foram consideradas pouco assertivas, pois evitou responder a diversas perguntas de maneira objetiva;
  • 11 de maio: o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, confirma a reunião no Palácio do Planalto, em 2020, para discutir a mudança na bula da cloroquina;
  • 12 de maio: o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten é chamado para explicar declaração à revista Veja sobre a “incompetência” do Ministério da Saúde na compra de vacinas. Omar Aziz (PSD-AM) suspendeu a audiência depois de classificar as afirmações de Wajngarten como “evasivas” e “mentirosas”;
  • 13 de maio: o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, fala sobre as vezes em que a farmacêutica tentou, sem sucesso, vender a vacina contra a covid-19 ao governo brasileiro;
  • 18 de maio: o ex-ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) nega “atrito” com a China e diz que não houve retaliações do país asiático ao Brasil;
  • 19 e 20 de maio: em depoimento, o ex-ministro Eduardo Pazuello (Saúde) busca, principalmente, preservar o presidente Jair Bolsonaro;
  • 25 de maio: Mayra Pinheiro, secretária no Ministério da Saúde e conhecida como “capitã cloroquina”, diz que o chamado “tratamento precoce” para combater a doença cabe ao “livre arbítrio” dos médicos, com o consentimento dos pacientes;
  • 29 de setembro: Luciano Hang presta seu depoimento sobre a imposição da cloroquina pela Prevent Sênior, e a relação da seguradora na morte de sua mãe, Regina Hang.

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