Nos programas de governo entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os candidatos à Presidência da República concentraram seus esforços em “eliminar previlégios”.
Mas se o assunto hoje une até candidatos em espectros ideológicos opostos, como Guilherme Boulos (PSOL) e João Amoêdo (Novo), em 2010 e 2014 não constava nos programas dos principais candidatos ao Planalto.
Nas eleições de 2014, por exemplo, só Luciana Genro (PSOL) e Rui Costa Pimenta (PCO) abordavam o tema. Quatro anos antes, era Eymael quem prometia “afastar privilégios de toda ordem” — ele não fala sobre isso em 2018.
De acordo com o jornal Folha de SP, no entanto, além de pouco destacarem quais privilégios retirariam, os presidenciáveis têm diferentes visões sobre o objetivo dessas mudanças.
A campanha do PT, que registrou inicialmente Lula como candidato, por exemplo, acredita que essa medida seria parte de um pacote de propostas estatizantes.
Afirma ser necessário uma “Reforma do Estado, desprivatizando e combatendo privilégios patrimonialistas ainda presentes em todos os Poderes e instituições públicas”.
Já Alvaro Dias (Podemos) diz que a mudança se cumpriria com a redução da máquina pública, em uma “radical reforma administrativa para reduzir o tamanho do Estado, com o fim de privilégios e prerrogativas indevidas”.
O entendimento de que é necessário cortar despesas com funcionários públicos para evitar desperdícios também está no programa de Geraldo Alckmin (PSDB), que promete combater o que chama de mordomias. Ciro Gomes (PDT) diz que, apesar de fazer tais cortes, “os gastos com investimentos, saúde e educação deverão ser preservados”.
Com o auxílio do economista ultraliberal Paulo Guedes, Jair Bolsonaro (PSL) vai além. Afirma que o fim de privilégios é parte de uma proposta de “orçamento base zero” com “cortes de despesas e redução das renúncias fiscais”, que seriam “peças fundamentais ao ajuste das contas públicas”.
Marina Silva (Rede), que não falava em privilégios nos programas de 2010 e 2014, agora apresenta a sua redução como condição importante para as reformas da Previdência e tributária.
Por Alexandre Galvão