Nos registros para as eleições municipais deste ano, há ao menos 6.649 candidatos que declaram uma profissão militar ou policial ou têm nome de urna que faz referência a forças de segurança. O valor é 23% menor que o registrado em 2020— 8.673. O total geral de candidatos também caiu nestas eleições, mas a variação foi menor, de 18%.
Os partidos à direita, como PL, Republicanos e União Brasil, são os que possuem o maior número de representantes neste perfil. Um em cada seis candidatos das forças de segurança foi lançado pela atual legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nestas eleições, o PL buscou dar protagonismo a policiais militares, delegados, militares e até guardas municipais na formação das chapas que vão concorrer às prefeituras. O número destes candidatos em todos os cargos dobrou no partido em relação a 2020. Dentre os 14 candidatos a prefeito do partido em capitais, 4 são policiais.
Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, o coronel da reserva da PM Ricardo Mello Araújo (PL) também foi indicado para vice do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição.
Os partidos que tiveram menos representantes são de esquerda: PCO com um candidato, PC do B com 17, e PSOL com 18. PSTU, PCB e UP não tiveram nenhum candidato mapeado pelo levantamento.
A análise da Folha utilizou dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) atualizados até esta sexta-feira (16), um dia após o prazo final para o registro de candidaturas.
Foram considerados candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador que declararam as profissões de policial (civil e militar), militar, militar reformado, bombeiro e segurança. Também foram contabilizados nomes de urna com títulos e patentes suas abreviações como “capitão”, “tenente”, “sargento”, “bombeiro”, “delegado” e “investigador”, considerando as variações de gênero.
Os estados do Sudeste e Sul são os que têm mais representantes. Em primeiro lugar está São Paulo (1.263), seguido de Minas Gerais (884), Rio de Janeiro (582), Paraná (403) e Rio Grande do Sul (391).
Segundo especialistas, o número de candidatos das forças de segurança pode ser maior que o alcançado pela metodologia, uma vez que alguns policiais declaram a profissão como “servidor público” e não utilizam alusões ao cargo no nome de urna.
Do total de 6.649 candidatos analisados, 40% declaram que são policiais militares (2.788). Outros 17% (1.163) afirmam no campo de profissão que são militares reformados, ou seja, estão aposentados ou afastados do serviço.
Tramita no Senado uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), encaminhada pelo governo Lula, que busca criar regras para proibir que militares da ativa das Forças Armadas disputem eleições ou ocupem cargos no primeiro escalão do Executivo.
A proposta do governo, apresentada pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), também estabelece que o militar que deseja disputar o pleito seja transferido para a reserva no ato do registro de sua candidatura, sem chance de voltar à carreira. Além disso, o texto propõe o fim da remuneração a que tem direito, a menos que já tenha cumprido 35 anos de serviço.