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sexta-feira 16 de setembro de 2022 às 06:47h

Eleições nos EUA: republicanos usam transferência de migrantes como ‘arma política’ de campanha

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A menos de dois meses das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, imigrantes são usados como “arma política” de campanha. Estados republicanos na fronteira com o México estão deslocando imigrantes para cidades a milhares de quilômetros de distância, localizadas em estados governados por democratas. Os EUA registram recordes de imigração vindos de países da América Central, Caribe e América do Sul. O número de brasileiros que buscam entrar ilegalmente no país cresceu nos últimos meses.

Luiza Duarte, correspondente da RFI nos Estados Unidos

A oposição republicana culpa o governo do presidente americano, o democrata Joe Biden, pela crise migratória. Os governadores republicanos do Texas, Greg Abbott, da Flórida, Ron DeSantis, e do Arizona, Doug Ducey, protagonizam ações de transferência de imigrantes para bastiões democratas.

Nos últimos meses, milhares de pessoas que fizeram pedidos de asilo estão sendo colocadas em ônibus e aviões e sendo enviadas para locais governados por representantes do Partido Democrata. Apenas o Texas já enviou, desde abril, mais de 10 mil imigrantes para Washington, Nova York e Chicago.

Nesta semana, o governo texano transferiu de ônibus para Washington uma nova leva de imigrantes. O ponto de chegada foi próximo à residência da vice-presidente Kamala Harris, que é encarregada de administrar a política migratória americana. Um gesto político que Abbot afirma servir para denunciar a incapacidade do governo Biden de controlar a crise na fronteira com o México.

Em resposta ao fluxo de imigrantes provenientes do Arizona e do Texas, a prefeita da capital americana, Muriel Bowser, declarou estado de emergência de saúde pública. A cidade criou um novo escritório para apoiar os recém-chegados. Já o prefeito de Nova York, Eric Adams, comunicou que a cidade recebeu 11 mil pedidos de asilo nos últimos quatro meses.

EUA caminham para eleição bastante disputada

Abbott e DeSantis estão em campanha para a reeleição em novembro. Já Ducey não pode concorrer, pois atingiu o limite de tempo no cargo. A imigração é um tema que mobiliza o eleitorado republicano, a poucas semanas da votação que irá renovar toda a Câmara de Representantes, parte do Senado e governos de 36 estados e três territórios. O ex-presidente americano Donald Trump, que apadrinha muitos dos candidatos do seu partido, se elegeu em 2016 com a promessa de fechar a fronteira e construir um muro na divisa com o México.

Nesta semana, apesar da Flórida ser o estado que abriga a maior comunidade venezuelana nos EUA, DeSantis enviou dois voos com 50 venezuelanos, incluindo crianças, para Martha’s Vineyard. A ilha no estado de Massachusetts, na costa leste, é um famoso destino de férias de presidentes democratas, como Kennedy, Clinton e Obama.

O envio aconteceu sem aviso prévio às autoridades locais e sem que houvesse um plano de acolhida. Democratas questionam o custo dessas transferências e se elas são de fato voluntárias e legais.

Em entrevista à Fox News Digital, a diretora de comunicação do governador da Flórida justificou a medida: “Estados como Massachusetts, Nova York e Califórnia facilitarão melhor o atendimento desses indivíduos que eles convidaram para nosso país, incentivando a imigração ilegal por meio de sua designação como ‘estados-santuário’ e apoio às políticas de fronteira aberta do governo Biden”. A Casa Branca reagiu chamando a ação de “desrespeitosa”. Já a senadora democrata Elizabeth Warren afirmou que “explorar pessoas vulneráveis como parte de um golpe político é ultrajante e cruel”. A ação também provocou revolta na comunidade venezuelana na Flórida.

Crise migratória

A fronteira sul dos Estados Unidos é a grande porta de entrada da imigração no país. Crises políticas e econômicas vêm ampliando o fluxo de imigrantes vindos principalmente da América Latina. Apenas neste ano fiscal, que começou em 1º de outubro de 2021, a Patrulha de Fronteira dos EUA efetuou mais de 1,8 milhão de prisões de migrantes que cruzaram ilegalmente a fronteira. Esse é o número mais alto já registrado, porém tentativas repetidas também entram no cálculo.

Neste mês de setembro, ao menos nove pessoas morreram e 37 foram resgatadas enquanto tentavam atravessar a fronteira no Texas. Em junho, autoridades encontraram dezenas de imigrantes do México, da Guatemala e de Honduras mortos dentro de um caminhão no mesmo estado. Dados oficiais mostram uma mudança no perfil dos imigrantes nos últimos meses, com crescimento de pessoas vindas de outros países fora do Triângulo do Norte.

Aumento de imigrantes brasileiros

Nos últimos seis meses, cerca de 155 mil cubanos tentaram entrar no país para pedir asilo, o maior número de pessoas vindas de Cuba em quatro décadas, segundo o órgão americano de Alfândega e Proteção de Fronteiras.

De acordo com este organismo, a entrada de brasileiros também aumentou. Cerca de 57 mil brasileiros foram detidos tentando ingressar ilegalmente nos Estados Unidos, entre outubro de 2020 e setembro do ano passado. Sob pressão americana, desde dezembro, o México passou a exigir visto de brasileiros, numa tentativa de inibir esse fluxo.

Segundo o American Immigration Council, cerca de 10 milhões de imigrantes ilegais vivem nos EUA.

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