Os dados oficiais parciais conhecidos neste domingo (14) no Quênia mostram um resultado ajustado entre os dois principais candidatos a presidir o país, enquanto os pedidos de calma se multiplicam até que se conclua a apuração.
Cinco dias depois da votação nas eleições presidenciais, 50 milhões de quenianos esperam com impaciência conhecer o sucessor de Uhuru Kenyatta, que governa o país africano desde 2013.
Dos quatro candidatos em disputa, William Ruto, de 55 anos e vice-presidente de Kenyatta, e Raila Odinga, de 77 e figura histórica da oposição que conta com o surpreendente apoio do presidente em fim de mandato, estão claramente à frente dos demais.
Após a recontagem de cédulas em quase metade dos colégios eleitorais, Ruto somava 51,25% dos votos contra 48,09% de Odinga, segundo números da Comissão Eleitoral Independente (IEBC, na sigla em inglês), que tem até o dia 16 de agosto para anunciar os resultados definitivos.
A participação do eleitorado ficou em torno de 65%. Nas últimas eleições presidenciais, em 2017, o comparecimento foi de 78%.
Tanto Ruto como Odinga se mostraram tranquilos neste domingo, cantando e rezando em diferentes ofícios religiosos na capital Nairóbi.
Com a violência pós-eleitoral que ocorreu em 2007-2008 na memória, muitas vozes pedem calma enquanto esperam os resultados.
‘Realmente impressionados’
Em Kisumu (oeste), reduto de Odinga, o bispo Washington Ogonyo Ngede, que é amigo da família do político opositor, pediu que a divisão seja deixada para trás.
“Não criem problemas e caos, orem pelo novo presidente que Deus nos deu […] Os líderes vêm e vão, mas o Quênia vive para sempre”, disse o sacerdote em uma missa para 300 fiéis.
O bispo da diocese de Eldoret, bastião de Ruto situado alguns quilômetros ao norte de Kisumu, também pediu orações pela paz: “O povo manifestou suas preferências. Os políticos devem aceitar a vontade do povo”, explicou Dominic Kimengich.
Sindicatos e ONGs como a Anistia Internacional, pediram “calma e paciência”.
“Aplaudimos os quenianos pelo desenvolvimento pacífico das eleições e pedimos calma enquanto os resultados são apurados”, explicaram as organizações em um comunicado.
“Estamos realmente impressionados pelo número de candidatos que reconheceram com elegância a sua derrota e pediram para trabalhar com os vencedores.”
Comissão sob suspeita
Cerca de 22 milhões de quenianos estavam aptos a votar na terça-feira para escolher o presidente, governadores, parlamentares e outros cargos locais.
No caso do pleito presidencial, se nenhum dos candidatos obtiver mais de 50%, o Quênia realizará um segundo turno pela primeira vez desde a independência do Reino Unido em 1963.
A Comissão Eleitoral Independente (IEBC) está no centro das críticas e foi colocada sob suspeita tanto pela lentidão na apuração dos votos como pela invalidação ocorrida há cinco anos da eleição presidencial, que teve que ser refeita.