Atualmente existem no Brasil, 536 usinas eólicas, nas quais funcionam cerca de 6,6 mil cataventos. Contudo, a principal fonte de energia no país ainda é proveniente das usinas hidrelétricas, que representam, aproximadamente, 64% do potencial elétrico do país. A produção de energia proveniente do uso de biomassa corresponde a cerca de 9,2% da matriz energética brasileira, já a eólica representa em torno de 8,5% da matriz.
Um dos grandes desafios do próximo governo no Brasil será a questão energética no país. O recente episódio da guerra da Rússia com a Ucrânia mostrou o quão devastador pode ser um país manter grande parte de sua energia concentrada em apenas uma matriz energética. O especialista em infraestrutura, logística e comércio exterior, com mais de 50 anos de experiência, Paulo César Alves Rocha, comenta a necessidade urgente do Brasil tomar a dianteira no fomento de novas matrizes de energia.
“Apesar da queda de 1,6% no consumo energético do país em 2020, 2021 começou compensando os efeitos da pandemia, marcando o maior consumo já registrado desde 2004. Com a volta forte do comércio e indústria, principalmente com a indústria de metalurgia, o setor registrou 5.441 megawatts médios de consumo, um volume de 16,9% maior comparado ao ano anterior”, explica Paulo César Alves Rocha.
O especialista pondera que para que o crescimento seja sustentável é preciso planejamento. “Recentemente, o Brasil passou por uma crise hídrica. Além disso, o retorno das atividades nos meios produtivos, as novidades do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) horário, a abertura de mercado no Ambiente de Contratação Livre (ACL) e os Encargos de Serviços do Sistemas requerem um nível maior de organização para a manutenção da oferta energética”, explica.
Segundo o Plano Decenal de Energia 2030, o crescimento médio de consumo de energia no Brasil será de 2,9% ao ano, ao passo que a oferta de energia será de 3% ao ano até 2030 no cenário de referência. Em relação à demanda, a expectativa é de que ela se mantenha alta até 2022, mas depois haverá uma redução gradual até 2030, pelos ganhos de eficiência energética, bem como a mudança na participação dos setores no consumo de energia.
“Atualmente, o país possui uma grande parcela de energia gerada advinda de fontes renováveis, sendo a maioria — cerca de 60% —vindo de energia hidrelétrica e 20% que são produzidos a partir de outras fontes, como energia solar, eólica e biomassa. Para que a expansão ocorra é preciso superar desafios, como o planejamento, operação e regulamentação do setor elétrico. Além disso, há uma necessidade de investimento em profissionais qualificados para operar esse tipo de energia, bem como aumento da eficiência energética”, comenta Paulo César Alves Rocha.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, o investimento necessário para os próximos 10 anos registrado no PDE 2030 é de R$ 2,7 trilhões. Desse total, cerca de R$ 2,3 trilhões devem ser destinados para petróleo, gás natural e biocombustíveis e R$ 365 bilhões a geração e transmissão de energia elétrica. A expectativa é de que o percentual de fonte renovável na matriz energética se mantenha em 48%.
*Paulo César Alves Rocha é especialista em infraestrutura, logística e comércio exterior com mais de 50 anos de experiência em infraestrutura, transportes, logística, inovação, políticas públicas de habitação, saneamento e comércio exterior brasileiro. Mestre em Economía y Finanzas Internacionales y Comércio Exterior e pós-graduado em Comércio Internacional pela Universidade de Barcelona. É mestre em Engenharia de Transportes (Planejamento Estratégico, Engenharia e Logística) pela COPPE-UFRJ. Pós-graduado em Engenharia de Transportes pela UFRJ e graduado em Engenharia Industrial Mecânica pela Universidade Federal Fluminense. Tem diversos livros editados nas Edições Aduaneiras