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Flávia Arruda e Damares Alves Reprodução
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domingo 28 de agosto de 2022 às 16:52h

Duelo entre ex-ministras de Bolsonaro esquenta campanha no DF

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Diferentemente do que ocorre na maior parte dos estados, no Distrito Federal a disputa pela vaga no Senado começou chamando mais a atenção da classe política do que a corrida pelo governo local. Duas ex-ministras de Jair Bolsonaro — Damares Alves (Republicanos) e Flávia Arruda (PL) — tentam garantir apoios dentro do clã presidencial, além de competir pelo mesmo eleitorado à direita. O fato de o atual governador, Ibaneis Rocha (MDB), ter largado com amplo favoritismo pela reeleição ajudou a jogar os holofotes na corrida das ex-colegas de governo.

 

Candidatas ao Senado disputam eleitorado bolsonarista  — Foto: Editoria de Arte
A rivalidade entre as duas ex-colegas da Esplanada ficou evidente logo na largada da campanha. No primeiro dia do horário eleitoral gratuito, Flávia exibiu um elogio do presidente Jair Bolsonaro proferido a ela em outubro de 2021:

— Dos 23, é a minha melhor ministra, pode ter certeza.

Nas redes sociais, a ex-titular da Secretaria de Governo (Segov) também aproveitou um encontro com prefeitos no último dia 17 para gravar vídeos e tirar fotos interagindo com Bolsonaro.

Sem o apoio explícito do presidente, Damares não quis ficar atrás e exibiu na TV o seu maior cabo eleitoral, a primeira-dama Michelle Bolsonaro:

Michelle, que gravou essa participação no programa de Damares na última segunda-feira, ainda complementou que estava pedindo a Deus para que a cadeira do Senado “seja ocupada por uma mulher de princípios e valores cristãos”.

Michelle foi peça-chave para convencer o marido a não se opor a um palanque duplo no Distrito Federal. Numa negociação selada no terceiro andar do Palácio do Planalto, Bolsonaro havia feito um apelo para que Damares desistisse do Senado em prol de Flávia. A ex-ministra da Mulher e Direitos Humanos concordou num primeiro momento, mas depois recuou da desistência.

Ao GLOBO, Damares disse que o cenário mudou depois que veio à tona um áudio do ex-governador José Roberto Arruda, marido de Flávia, falando que “não interferiria” no voto para presidente e governador. De acordo com a ex-ministra, ela voltou ao páreo para dar um palanque “100% bolsonarista” ao presidente.

Flávia se empenhou, na propaganda, em mostrar a sua biografia de “brasiliense raiz” nascida em Taguatinga — Damares é de Umuarama, no interior do Paraná. E se apresentou como alguém que teve habilidade como articuladora política na obtenção de verbas para o DF e na aprovação de programas sociais como os auxílios Brasil e emergencial.

Damares, por sua vez, destacou o seu ativismo em prol de crianças e mulheres vulneráveis e na defesa da cartilha evangélica. Ela também centrou críticas ao orçamento secreto, do qual disse ter sido “vítima” como ministra.

Segundo o último levantamento do Ipec, divulgado em 15 de agosto, Flávia está na dianteira, com 36% das intenções de voto, enquanto Damares aparece com 15%. Em terceiro lugar está a postulante do PT, Rosilene Corrêa, com 5%, que se apresenta como “candidata do Lula”.

Especialistas avaliam que a corrida pelo Senado no Distrito Federal ganhou uma dimensão diferente neste pleito.

— Essa disputa acirrada é um capítulo à parte nas eleições do DF — disse o cientista político Nauê de Azevedo.

Na disputa pelo governo, Ibaneis está à frente nas pesquisas eleitorais, com 38%, conforme o Ipec. Como vitrine de sua campanha, o governador tem repetido que a cidade virou um verdadeiro canteiro de obras na sua administração.

Candidatos ao governo no DF — Foto: Editoria de Arte

Se vencer, Ibaneis será o primeiro candidato a se reeleger ao Palácio do Buriti em 20 anos. O último foi Joaquim Roriz, do então PMDB, em 2002, que governou em três períodos diferentes e morreu em 2018. Ao GLOBO, o governador, azarão nas últimas eleições, evitou cantar vitória antes da hora:

— Não tem eleição fácil. Mas me sinto cada dia mais preparado para seguir no comando do Distrito Federal. Passamos um período muito difícil de pandemia e, mesmo assim, avançamos muito nas pautas da cidade — disse o governador.

De acordo com o Ipec do dia 15, tirando a liderança do governador, há um pelotão de candidatos com patamares semelhantes: Paulo Octávio (PSD), com 9%; Leila do Vôlei (PDT), com 8%; Izalci (PSDB), com 5%; Leandro Grass (PV), com 4%. Rafael Parente (PSB) desistiu da disputa, e os demais não pontuam mais que 2%.

— Tem muita coisa para acontecer ainda, e Brasília tem tradição de ir para o segundo turno e não reeleger governadores — disse Paulo Octávio.

Adversários de Ibaneis têm centrado as críticas na gestão da saúde de seu governo: o Distrito Federal foi uma das unidades da federação onde houve mais mortes por Covid-19 e convive com filas nos hospitais públicos.

DF nas eleições — Foto: Editoria de Arte

DF nas eleições — Foto: Editoria de Arte

— É uma eleição que vai se tornar bem equilibrada na metade do período eleitoral. Nós temos um governador com certa vantagem, mas existe rejeição, e existem dois, três candidatos embolados ali no segundo lugar. Entre eles, eu —afirmou Leila.

Aposta na polarização

Grass, por sua vez, aposta na associação com o ex-presidente Lula para decolar nas pesquisas:

— Achamos que a eleição no DF vai refletir muito a campanha nacional, e ter a polarização entre o atual governador, que é apoiado pelo Bolsonaro, e a nossa candidatura, que é apoiada pelo Lula.

Últimas eleições no DF para governador  — Foto: Editoria de Arte

A esquerda acabou se fragmentando em três candidaturas — Leila do Vôlei (PDT), Leandro Grass (PV) e Keka Bagno (PSOL) —, enquanto boa parte da direita se uniu em torno de Ibaneis. O emedebista conseguiu articular o apoio de Bolsonaro e tirar do páreo o ex-governador José Roberto Arruda (PL) e o senador José Antônio Reguffe (União), nomes bastante conhecidos no DF. A coligação do emedebista envolve sete partidos, do Solidariedade ao PP, e ainda conta com apoio informal do Republicanos e União Brasil.

— O cenário, de certa maneira, favorece essas candidaturas mais conservadoras, que têm uma boa chance de levar as vagas majoritárias. Essa pulverização (da esquerda) cria um risco da eleição para governador se concluir no primeiro turno ou de chegar ao segundo só com dois candidatos mais à direita — afirmou o professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Lucio Rennó.

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