O dólar comercial iniciou a semana em queda de 0,23%, cotado a 4,767 reais, o menor valor segundo Luana Zanobia, da Veja, desde 31 de maio do ano passado, quando a moeda atingiu 4,7526 reais. Enquanto o câmbio apreciou, o Ibovespa não logrou suficiente ímpeto para contrariar a onda negativa que permeou o mercado global nesta segunda-feira, 26. O mercado financeiro brasileiro encerrou o dia em baixa, empurrado por uma resistência global ao risco. A bolsa fechou em queda de 0,62%, a 118.242 pontos.
Fatores como as tensões geopolíticas na Rússia e o rebaixamento da agência de classificação de risco S&P do crescimento da China suscitaram apreensão nos investidores, resultando em um impacto inicialmente negativo. A proximidade de eventos significativos no cenário doméstico também instigou cautela adicional. Entre eles, destacam-se a divulgação da ata do Copom e a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), cujas deliberações serão cruciais para a política monetária futura, considerando que o Banco Central manteve os juros estáveis na última reunião, sem indicar possíveis cortes.
Contudo, observou-se um declínio tanto no dólar quanto nos juros futuros, especialmente nos prazos mais longos. Esse fenômeno sinaliza um ajuste por parte dos investidores, que continuam precificando um corte na Selic para agosto, apesar do comunicado restritivo da semana passada e à espera da ata do Copom, a ser divulgada amanhã.
No âmbito positivo, a Petrobras ganhou destaque, impulsionada pelo incremento no preço do petróleo Brent no mercado global. “A incerteza geopolítica, ainda que pareça resolvida, revela uma fragilidade russa”, pontua Fernando Bento, CEO e sócio da FMB Investimentos. O estrategista de investimentos da Matriz Capital, Lucas de Caumont, argumenta que, apesar de políticas protecionistas e da queda de dividendos, os investidores ainda veem na Petrobras uma oportunidade graças ao seu alto Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) e potencial de geração de fluxo de caixa.
Enquanto isso, as ações de Raízen, CSN e Gerdau demonstraram reação após quedas anteriores, sendo o setor de siderurgia e mineração um dos poucos em alta. “A Vale teve um desempenho próximo ao equilíbrio, após o anúncio da possível participação de Guido Mantega na companhia, e não conseguiu acompanhar o setor”, avalia Caumont. Em contrapartida, as ações do setor varejista continuam sofrendo devido à decisão do Banco Central de manter os juros no patamar atual, sem sinais de redução iminente. Locaweb, CVC Via Varejo, BRF e PETZ encabeçaram as quedas do dia.
O cenário global, marcado pela aversão ao risco, levou os mercados a recuarem, influenciando negativamente o Ibovespa, mesmo diante do progresso de algumas empresas proeminentes. O futuro é repleto de incertezas, e o mercado aguarda, com expectativa, os próximos eventos e anúncios que definirão os rumos a serem tomados.