Docentes refletem papel do professor em Salvador durante a pandemia

O Dia do Professor, celebrado nesta quinta-feira (15), simboliza a relevância dos profissionais que nos conduzem nas jornadas da formação humana e acadêmica. Seja da infância ou já na fase adulta, todos nós temos memórias daqueles que, de algum modo, contribuíram para a construção de quem somos. Neste momento de distanciamento social provocado pela Covid-19, o professor se torna ainda mais imprescindível, superando desafios para que crianças, jovens e adultos possam continuar a descoberta de saberes.

O professor de artes e vice-diretor noturno da Escola Municipal Almirante Ernesto de Mourão Sá (Paripe), Arivaldo Benedito, relata que tem orgulho por ter contribuído para além da formação acadêmica de tantos alunos nos 16 anos que atua na rede municipal de ensino. O docente tem gravado aulas que são exibidas para alunos do 6° e 9° ano nos multicanais oferecidos pela Prefeitura na televisão para que os alunos possam dar continuidade nos estudos à distância. Do início do projeto para cá, o professor já gravou 60 aulas, sendo 30 direcionadas para cada uma das turmas.

Benedito ressalta que, mesmo com as próprias dificuldades de locomoção, sequelas de paralisia infantil como encurtamento da perna esquerda e atrofia na coluna, não há barreiras para a real vontade de ensinar. “Estou lá fazendo a minha parte. É a nossa vocação de ensinar, de ajudar e direcionar a vida destes alunos para o caminho que é correto, o caminho da paz, da espiritualidade, da produtividade, de uma vida em comunidade e proficiente”, conta.

Para o docente, a data comemorativa reforça o trabalho de toda uma rede atuante que se esforça diariamente para proporcionar uma educação cada vez melhor para a vida. “O professor tem poder como formador de opinião e tem como marcar a vida dos alunos e ajudá-los a perceber quando estão equivocados pelo contexto social e familiar. A escola é hoje o único lugar onde se tenta direcionar a juventude para o caminho certo através de reflexões, ensinamentos e pensamentos trazidos pela história. É a última fronteira na transformação social”, reflete.

Reflexão

Para a professora da Creche e Pré-Escola Primeiro Passo Cajazeiras VIII Márcia Monte, é característica dos docentes se reinventarem e, mesmo que não houvesse a pandemia, o fazer pedagógico enfrenta desafios diários próprios de cada realidade e comunidade escolar. Com 30 anos de formação e especialista em gestão de educação, a professora hoje leciona no segmento da Educação Infantil para a turma do Grupo V.

Segundo ela, este período de crise sanitária tem sido uma experiência interessante que tem provocado os professores a repensarem a educação, e a sociedade a refletir sobre a importância destes profissionais para a formação humana. “A educação infantil, ao contrario do que se pensa, é a base. Estou ressignificando esse brincar, a forma de aprender sem que os alunos percam a alegria da infância. Sempre fui arte-educadora e levei para a sala música, teatro e canto coral como forma de também de aproximar da base alfabética e o conhecimento do mundo letrado de forma lúdica”, explica.

Márcia destaca que os recursos que a escola desenvolveu para continuar próxima dos alunos neste período serão mantidos após o retorno às aulas. A intenção é de que os estudantes tenham sempre conteúdos extras para intensificar ainda mais o processo de aprendizagem.

“Espero que este período tenha servido para valorizar o professor. Pais que não tinham contato com a educação dos filhos e delegavam essa função de ensinar inteiramente para escola, por exemplo, agora podem ver as deficiências dos seus filhos, estão entendendo como se processa essa atividade. Espero que aprendam a ver a profissão como algo necessário, responsável. Que esse dia 15 seja uma data para validar essa que é mãe de todas as profissões”, finaliza.