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segunda-feira 28 de novembro de 2022 às 07:05h

Do que depende a indicação de Fernando Haddad para o ministério da Fazenda de Lula

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O suspense em torno da indicação de Fernando Haddad para o ministério da Fazenda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva deve terminar nesta semana.

Os dois viajaram juntos à Brasília neste último domingo (27) conforme a colunista Malu Gaspar, do O Globo, para reuniões com políticos de partidos aliados, como o MDB, além dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco.

Segundo auxiliares próximos do presidente eleito, ele também vai sondar outros ministeriáveis e discutir os possíveis cenários para a economia, conforme o tamanho da “licença para gastar” que for aprovada no Congresso até o final do ano.

Uma das pretensões de Lula é anunciar a indicação de Haddad junto com outros nomes, para não passar a impressão de improviso, ou de que esteja cedendo à pressão tanto dos políticos como do mercado para dizer o quanto antes quem será seu ministro da Fazenda.

Lula tem ainda uma preocupação: formar consenso em torno de Haddad, que também sofre resistência de algumas correntes da frente ampla.

Nos últimos dias, a má repercussão das falas do ex-prefeito de São Paulo no almoço da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) levaram a interlocutores de confiança de Lula, incluindo o ex-ministro Jaques Wagner, a argumentar em favor de uma escolha mais palatável ao mercado financeiro – como por exemplo Alexandre Padilha, que também é petista, também é da confiança de Lula, mas tem uma imagem de conciliador da Faria Lima.

No almoço da Febraban, ao qual foi representando o próprio Lula, Haddad disse que o governo dará prioridade à reforma tributária e pregou o uso mais eficiente dos recursos públicos, mas deixou frustrados banqueiros e investidores que esperavam declarações mais contundentes de compromisso com a responsabilidade fiscal ou do rumo a ser tomado pela economia no novo governo. Depois da fala, o dólar fechou com alta de 1,65% e o índice de ações da bolsa de valores, o Ibovespa, caiu 2,55%.

Apesar do abalo, porém, Lula não desistiu de colocar Haddad na Fazenda. A quem tenta argumentar em favor de outra alternativa, defende seu ex-ministro e ex-candidato a presidente em 2018 afirmando que ele tem mestrado e entende de economia.

No mercado financeiro, porém, a impressão a respeito de Haddad é diferente. Entre gestores de recursos e investidores, o ex-prefeito de São Paulo é tido como alguém dogmático, arrogante e avesso à disciplina fiscal – e que, apesar de não entender tanto assim de economia, seria uma espécie de “professor de Deus”.

Haddad sabe dessa fama, diz Malu Gaspar em sua coluna, e se incomoda com ela. Não foram poucas as vezes que ele se queixou a interlocutores frequentes no mundo financeiro de não ser compreendido e de não ser “nada disso que falam”.

Vários desses amigos chegaram a fazer campanha na Faria Lima para tentar reduzir as resistências ao ex-prefeito de São Paulo, telefonando para os mais próximos para tentar convencer de que ele é pragmático e não promoveria nenhuma farra fiscal. Não tiveram sucesso.

Um banqueiro com quem falei depois do evento da Febraban resumiu a impressão deixada por Haddad em uma resposta curta: “prepotente e acha que sabe tudo, como sempre”.

Outro afirmou ainda que o problema com o discurso do possível ministro da Fazenda de Lula não é com o que ele disse, mas sim com o que ele não disse, porque não tinha autorização para fazer. E avançou: “como Haddad estava lá como representante do Lula, o problema já está deixando de ser os auxiliares do presidente e passando a ser ele mesmo”.

No Congresso, também há vários grupos de diferentes partidos que entendem que Haddad não tem traquejo político e não poderia comandar negociações difíceis, como a da PEC da Transição.

Com suas conversas em Brasília, Lula pretende reduzir o impacto que a indicação de Haddad poderia causar no mercado e no Congresso. O problema é que, quanto mais o presidente eleito se demora em reuniões e conversas de bastidores que terminam sempre na mesma conclusão, mais complexa fica a operação Haddad.

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