terça-feira 3 de dezembro de 2024
Após oito anos, Nicolás Maduro veio ao Brasil para encontro com Lula e reunião com outros líderes sul-americanos - Foto: EPA/Arquivo
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sábado 26 de outubro de 2024 às 10:32h

Divergências afetam relação entre Lula e Maduro que deteriorou nesta semana; veja

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Pouco mais de um ano separou o momento de aceno entre o presidente Lula da Silva (PT) e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante um evento em Brasília, divergências na relação entre os dois líderes sul-americanos nos últimos meses.

Visitando o Brasil após oito anos, Maduro foi recebido com tapete vermelho por Lula em maio de 2023 como lembra Junio Silva, em reportagem no Metrópoles, para um evento que reuniu líderes regionais em Brasília. O convite para o líder chavista participar da Cúpula de Presidentes da América do Sul aconteceu em meio à contestação internacional sobre a legitimidade de seu governo, além da cobrança pelo respeitos aos direitos humanos na Venezuela.

Ainda assim, o herdeiro político de Hugo Chávez foi defendido pelo presidente do Brasil durante o evento, que classificou as denúncias contra o regime chavista de “narrativa antidemocrática”.

Assista:

Lideranças da América Latina, da direita à esquerda, criticaram a fala de Lula. Para Maduro, no entanto, o encontro com Lula foi um “fato histórico” e “transcendental”.

Chá de camomila

Antes das eleições presidenciais da Venezuela, Maduro assinou o Acordo de Barbados, em 2023, prometendo garantias eleitorais e um pleito livre no país. Contudo, o líder chavista passou a dar sinais de que não cumpriria o pacto meses antes da votação.

Um dos episódios mais marcantes do período pré-eleitoral no país foram denúncias da oposição, que acusaram Maduro de utilizar a máquina pública para dificultar a inscrição de um candidato de oposição para disputar as eleições.

As denúncias fizeram com que o governo brasileiro acompanhasse “com expectativa e preocupação” os desdobramentos políticos no país, fazendo até mesmo com que Lula ligasse para Maduro solicitando o cumprimento do acordo assinado no ano anterior.

Apesar das promessas, a proximidade do pleito fez com que Maduro subisse o tom e falasse até em “banho de sangue” e “guerra civil” caso não fosse reeleito.

O presidente brasileiro se mostrou assustado com as declarações do aliado regional. Mas como resposta, recebeu de Maduro a sugestão de que fosse tomar um “chá de camomila”.

Lula não reconhece vitória de aliado

Contrariando o acordo de eleições democráticas, o pleito na Venezuela se desenrolou e apontou Maduro como presidente reeleito do país no último dia 28 de julho, em uma vitória não reconhecida por parte da comunidade internacional, que passou a pressionar o regime.

Apesar de o Partido dos Trabalhadores (PT) ter admitido a vitória de Maduro, o governo Lula condicionou o reconhecimento da reeleição do herdeiro de Hugo Chávez à divulgação das atas eleitorais, e passou a atuar como uma espécie de mediador do diálogo entre as demandas do exterior e o regime chavista.

Assista:

Lula chegou até mesmo a sugerir a realização de uma nova eleição no país como forma de resolver o impasse entre Maduro, opositores e comunidade internacional. A ideia, no entanto, foi rejeitada não só pelo líder chavista, como também pela oposição.

Veto da Venezuela nos Brics

O não apoio à vitória do aliado fez Lula ser acusado pelo procurador-geral da Venezuela de ser porta-voz dos interesses dos Estados Unidos na América Latina, além de um “agente da CIA”. O governo venezuelano, no entanto, disse que a declaração Tarek Saab não refletia o posicionamento do regime Maduro.

Apesar da tentativa de colocar panos quentes na tensão que crescia, a relação entre Lula e Maduro azedou de vez após a 16ª cúpula dos Brics, realizada na Rússia entre os dias 22 e 24 de outubro, onde o Brasil vetou o ingresso da Venezuela no bloco.

Em uma dura nota divulgada pela chancelaria venezuelana, Lula foi comparado a Jair Bolsonaro e acusado de “agredir” o país liderado por Maduro.

“O povo venezuelano sente indignação e vergonha com esta agressão inexplicável e imoral da chancelaria brasileira (Itamaraty), mantendo o pior das políticas de Jair Bolsonaro contra a Revolução Bolivariana fundada pelo Comandante Hugo Chávez”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela em um comunicado.

O Ministério das Relações Exteriores não quis se pronunciar sobre a nota. Lula também ainda não comentou o tom duro da diplomacia do país liderado por Nicolás Maduro.

No entanto, analistas ouvidos pelo portal Metrópoles, apontam que os últimos desdobramentos indicam uma quebra nas relações entre Brasil e Venezuela sob o comando de Lula e Maduro.

“De fato existe uma quebra das relações, que é bastante clara, bastante firme”, diz o analista político Vito Villar. “Para que isso seja contornado, e eu acho difícil que seja feito no curto prazo, será necessário um processo um pouco extenso da diplomacia brasileira. É preciso que seja criado um ambiente para que isso aconteça, que exista boa vontade dos dois lados, o que no momento não está no radar, a não ser que ocorra uma grande mudança por parte da Venezuela com relação aos resultado das eleições”, explica.

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