Enquanto o ex-presidente Lula se enrolava em uma série de declarações desastrosas ao longo da última semana, um ex-homem poderoso do primeiro governo do petista circulava segundo a coluna de Rafael Moraes Moura, na Veja, tranquilamente pelas ruas de Brasília. De máscara (mesmo com o fim da obrigatoriedade do uso da proteção em espaços públicos), vestindo camisa polo azul e calça jeans, sem ser abordado nem reconhecido por transeuntes, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu circulou na última quarta-feira (6) pelo Setor Hoteleiro Norte, no centro da capital, onde estão localizados os principais hotéis da cidade e alguns escritórios de advocacia.
Condenado e preso por envolvimento no mensalão e no petrolão, Dirceu tem feito articulações nos bastidores em torno da nova candidatura de Lula ao Palácio do Planalto. A interlocutores, tem demonstrado otimismo com a vitória do petista, apesar de recentes pesquisas de intenção de voto apontarem para uma recuperação do presidente Jair Bolsonaro, que tem encurtado a liderança de Lula. O diagnóstico de Dirceu é o de que o voto das mulheres, que representam 53% do eleitorado, vai ser decisivo para definir o resultado das urnas.
Segundo a última pesquisa da empresa de consultoria Quaest, Lula tem 47% das intenções de voto das mulheres, contra 25% de Bolsonaro. Entre os homens, a vantagem de 22 pontos percentuais desaba para cinco: Lula tem 43% dos votos dos homens, contra 38% do atual mandatário. Nos diversos cenários testados, considerando toda a população brasileira, o chefe do Executivo varia de 29% a 32% na pesquisa estimulada para o primeiro turno. Para Dirceu, é muito pouco para quem tem a máquina federal e a chave do cofre nas mãos.