O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e secretário de saúde do Estado do Maranhão, Carlos Lula, acredita que o Brasil deve bater a marca de 400 vítimas de covid-19 ainda em abril. Ele concedeu entrevista ao Poder 360 na última quarta-feira (14).
“Se continuarmos com a média móvel acima de 2.000 mortos, é muito provável que cheguemos aos 400 mil óbitos”, afirma.
Carlos Lula vê com cautela a abertura da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19. “Poderíamos estar gastando energia de outras formas”, diz. De acordo com ele, o que atrapalha o país é a constante instabilidade política. “O problema não é a CPI, é a instabilidade política que tomou esse um ano de pandemia”, afirma.
O presidente do Conass fomenta a tese de que uma CPI ampla que investiga muitos entes federativos “não investiga nada”. “Continuaremos batendo cabeça com a CPI”, diz.
Lula falou também diz que o Brasil é “um dos piores países no enfrentamento da pandemia e isso precisa ser dito com clareza”. “Não chegamos a esses números sem método. Houve um método. Não só erros, foram cálculos políticos, e esses cálculos políticos estão dando resultados”, diz.
O secretário defendeu que o país precisar aumentar a velocidade da imunização e também adotar medidas uniformes, ou seja, conjuntas, com um único discurso. “Nesse momento, o que mais precisamos é vacinar mais e mais rápido. […] Se não adotarmos medidas uniformes no país, com método, é muito difícil que nós controlarmos a doença”, aponta.
Entre as maiores dificuldades dos secretários de saúde, a avaliação de Carlos Lula é que o desacerto na condução da pandemia no país e os discursos das autoridades atrapalha bastante. “Eu tenho resistências até hoje em pessoas de tomar a vacina”. O presidente do Conass fala que o discurso, principalmente do presidente da República, impacta a sociedade. “O discurso da maior autoridade da República tem muito eco na sociedade. E ele faz toda a diferença quando a gente vai atender as pessoas”.