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Uma mulher e seu filho se protegem da chuva na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza - Foto: Unicef/Eyad El Baba
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terça-feira 26 de março de 2024 às 17:09h

Desnutrição infantil em Gaza é “absolutamente chocante”, diz coordenador humanitário

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Após visita a hospital que registrou casos graves de insegurança alimentar, Jamie McGoldrick comenta decisão de Israel de impedir entrega de comida no norte pela principal agência de assistência da ONU; ele disse se tratar de uma “atitude errada” e apelou pela abertura de todas as rotas rodoviárias de norte a sul ou de sul a norte.

O coordenador humanitário interino da ONU para os Territórios Palestinos testemunhou como a insegurança alimentar e a desnutrição estão “atingindo duramente” a população palestina. Ele apelou a Israel para reverter o fornecimento “precário” e “intermitente” de comida em Gaza.

Em entrevista para a ONU News, Jamie McGoldrick, comentou a decisão tomada pelas autoridades israelenses no domingo, que impede a Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, de seguir entregando ajuda alimentar no norte do enclave.

Abertura de todas as rotas

O especialista afirmou que “qualquer interrupção no fornecimento de alimentos, que já é muito frágil, é uma atitude errada”. Segundo ele, as Nações Unidas têm “sorte” quando consegue receber de 10 a 15 caminhões em Gaza em um período de dois dias.

McGoldrick ressaltou que no momento as entregas de ajuda no norte do enclave são feitas por poucas organizações, incluindo o Programa Mundial de Alimentos, PMA, a ONG World Central Kitchens e a Unrwa, responsável pela maior parte.

Ele disse estar empenhado em abrir “todas as rotas rodoviárias de norte a sul ou de sul a norte” e trazer mais caminhões para garantir que o abastecimento esteja disponível.

O coordenador humanitário afirmou que não se importa com qual organização traz a comida e sim em receber mais alimentos do que a quantidade atual.

Enfermaria infantil em estado “chocante”

Em visita ao norte da Faixa de Gaza na semana passada, ele viu diretamente o impacto da falta de abastecimento de alimentos nas crianças do hospital Kamal Adwan.

Segundo McGoldrick, visitar a enfermaria infantil é “absolutamente chocante”, pois todas as crianças têm deficiências nutricionais. Ele disse que muitas delas passaram por complicações, como hepatite A ou infecções intestinais, e tudo isso “enfraqueceu o sistema imunológico”. Na enfermaria neonatal não existem incubadoras suficientes para todos os bebês.

O especialista mencionou planos para retirar do hospital uma criança com um tumor cerebral e outra com fibrose cística e levá-las para o sul, depois para o Cairo para ofertar o tratamento de que necessitam.

Incursão em Rafah pode “quebrar” resposta humanitária

Ele afirmou que caso a resolução aprovada nesta segunda-feira pelo Conselho de Segurança resulte em um cessar-fogo, seria possível transportar mercadorias com segurança, e não haveria necessidade de sistemas de inspeção que causam atrasos por serem “repetitivos, imprevisíveis e burocráticos”.

Analisando a situação no sul de Gaza, McGoldrick disse que se houver uma incursão na cidade de Rafah, a resposta humanitária da ONU seria “quebrada”.

Devido às enormes restrições e obstáculos gerados pelo conflito, ele disse que não foi possível pré-posicionar alimentos e água no local. Por isso, se as pessoas forem forçadas a se deslocar, não será possível lidar com o fluxo, que o especialista estima em 500 a 900 mil pessoas.

“Neste momento estamos num modo de planejamento de contingência para enfrentar a atual catástrofe humanitária, e caso isso seja duplicado, com pessoas forçadas a se deslocar, nós simplesmente não seríamos capazes de responder”, disse ele.

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