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sábado 17 de fevereiro de 2024 às 14:24h

“Desenvolvimento não pode continuar sendo privilégio de poucos”, diz Lula na África

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O presidente Lula da Silva (PT), participou como convidado da sessão de abertura da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia, neste sábado (17). Com o apoio de Lula, a entidade iniciou sua integração ao G20 em 2023, sob a presidência do Brasil.

O presidente defendeu em seu discurso uma frente global contra a fome, um dos principais temas da agenda promovida pelo Brasil em fóruns internacionais, além de frisar a importância de uma parceria entre os dois países para fomentar o desenvolvimento econômico e social de ambos os países.

“A luta africana tem muito em comum com os desafios e a luta do povo brasileiro. Mais da metade dos 200 milhões de brasileiros se reconhecem como afrodescendentes. Nós, africanos e brasileiros, precisamos traçar nossos próprios caminhos na ordem internacional que surge”, destacou o presidente.

O histórico de cooperação entre Brasil e Etiópia inclui iniciativas voltadas para técnicas de produção agrícola em regiões semiáridas, compartilhamento de experiências em biocombustíveis, irrigação agrícola em pequena escala, alimentação escolar, saneamento básico e manejo sustentável de florestas.

“O desenvolvimento não pode continuar sendo um privilégio de poucos. Só um projeto social inclusivo nos permitirá eleger sociedades próprias, livres, democráticas e soberanas. Não haverá estabilidade nem democracia com fome e desemprego”, defendeu Lula ao pontuar que o Brasil quer crescer junto com o continente africano. “O Sul Global está se constituindo em parte incontornável da solução para as principais crises que afligem o planeta”, argumentou.

O desenvolvimento não pode continuar sendo um privilégio de poucos. Só um projeto social inclusivo nos permitirá eleger sociedades próprias, livres, democráticas e soberanas. Não haverá estabilidade nem democracia com fome e desemprego

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República

Comércio bilateral

A visita integra o processo de relançamento da política externa do Governo Federal para países africanos. A Etiópia é o segundo país mais populoso da África, com 125 milhões de habitantes, e a quinta maior economia do continente. Membro pleno dos BRICS desde 1 de janeiro de 2024, a Etiópia é uma das principais capitais diplomáticas do continente africano. Nos últimos anos, apareceu entre as economias com maior taxa de crescimento na África e no mundo. Em 2023, por exemplo, a economia etíope cresceu 6,1%.

O intercâmbio entre os países, portanto, têm significativo potencial de crescimento. Em 2023, o comércio bilateral Brasil-Etiópia somou US$ 23,8 milhões, com saldo positivo para o Brasil. Os principais produtos exportados pelo Brasil foram combustíveis, máquinas agrícolas e produtos da indústria de transformação. Já os principais produtos importados foram vestuários, obras de arte e materiais minerais.

Lula enfatizou, durante a abertura da Cúpula, que irá trabalhar em conjunto para tornar a África um continente independente na produção de alimentos e energia limpa e renovável. Além disso, estendeu o convite de parceria também para a área da saúde.

“São 400 milhões de hectares espalhados por mais de vinte e cinco países, com potencial de fazer deste continente um grande celeiro para o mundo, viabilizando políticas de combate à fome e de produção de energias alternativas, inclusive de biocombustíveis”, disse.

Israel x Palestina 

Lula voltou a defender a existência de um Estado palestino e repudiou a resposta desproporcional de Israel, que vitimou quase 30 mil palestinos em Gaza (em sua ampla maioria mulheres e crianças) e provocou o deslocamento forçado de mais de 80% da população.

“A solução para essa crise só será duradoura se avançarmos rapidamente na criação de um Estado Palestino livre e soberano. Um Estado Palestino que seja reconhecido como membro pleno das Nações Unidas. De uma ONU fortalecida e que tenha um Conselho de Segurança mais representativo, sem países com poder de veto e com membros permanentes da África e da América Latina”, pontuou.

Sobre a cúpula

O tema da 37ª Cúpula é “Educando africanos preparados para o século XXI: construindo sistemas educacionais inclusivos, relevantes, de qualidade e para toda a vida”. É a terceira vez que o presidente Lula participa de uma Cúpula da União Africana. A União Africana (UA) foi criada em 2002 e sucedeu a Organização da Unidade Africana, fundada em 25 de maio de 1963.

Imbuída dos valores de independência, unidade, paz e cooperação que motivaram a constituição de sua antecessora, a UA busca promover soluções para os desafios enfrentados pelos países do continente, com vistas ao fortalecimento da paz, da soberania e do desenvolvimento socioeconômico no continente. A organização tem contribuído de maneira significativa para a consolidação institucional do continente e desempenhado importante papel na prevenção e mediação de conflitos.

As iniciativas da UA estão voltadas ao respeito aos direitos humanos, à abertura econômica e à transparência administrativa nos membros. O fomento ao desenvolvimento sustentável e à promoção da igualdade entre homens e mulheres e do empoderamento feminino são temas de destaque entre essas iniciativas.

Relações exteriores

Na quarta-feira (14) o presidente Lula iniciou a sua segunda viagem oficial ao continente africano desde que tomou posse para o terceiro mandato. A primeira parada ocorreu no Egito. O convite para a visita, que celebra os 100 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Egito, foi feito pelo presidente egípcio, Abdel Fattah Al-Sisi, durante a COP 27.

Marcou a visita oficial a assinatura de dois acordos bilaterais: um protocolo que garante a segurança alimentar, padrões rigorosos de qualidade e retira amarras burocráticas à exportação de carnes bovinas, suínas e de aves do Brasil para o Egito; e um memorando que reforça parcerias, cooperações e pesquisas nas áreas de ciência, tecnologia e inovação entre os países.

Comitiva

O presidente Lula viajou para o Egito e a Etiópia acompanhado dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Anielle Franco (Igualdade Racial), Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania), Vinícius Marques de Carvalho (Controladoria-Geral da União), e do assessor-chefe adjunto da Assessoria Especial, Audo Faleiro.

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