“Nós temos a missão de ampliar esse serviço”, disse o deputado Eduardo Salles idealizador do evento
Uma sessão especial comemorou, na manhã desta última segunda-feira (4), os 25 anos da Associação Bahiana de Equoterapia (Abae). Proposto pelo deputado Eduardo Salles (PP), o evento, realizado no Plenário Orlando Spínola, na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), chamou a atenção para a importância do acolhimento de crianças com deficiência e do tratamento a partir do contato com animais para a evolução psicomotora do paciente.
Responsável pela gestão do projeto de equoterapia em parceria com o Esquadrão de Polícia Montada desde 1993, a Abae tem como base uma política de educação inclusiva, proporcionando aos participantes a chance de viver dignamente em meio à diversidade. Para Eduardo Salles, os resultados são positivos e precisam ser potencializados com apoio do poder público.
“Nós temos a missão de ampliar esse serviço. No Parque de Exposições tem uma área que estamos pleiteando ao Governo do Estado para ser uma sede da Abae profissional. Além disso, queremos aumentar o serviço no interior baiano”, afirmou.
De acordo com a fundadora e presidente da Abae, Maria Cristina Guimarães Brito, o projeto, que passou a ter o apoio do Exército Brasileiro/19º Batalhão de Caçadores, conta com uma equipe multidisciplinar, composta por fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicomotricistas, pedagogos, assistentes sociais e médicos. O serviço é prestado a todo paciente que após avaliação seja enquadrado nos critérios de admissão. Segundo a gestora, foram muitos os desafios para chegar ao patamar atual de atendimento.
“Começamos simples, de forma humilde. Com muita luta, conseguimos avançar. Hoje desenvolvemos um trabalho de estímulo ao potencial para crianças com deficiência através, principalmente, do contato com cavalos e éguas”, explicou.
Maria Cristina ainda criticou o preconceito que as crianças com deficiência sofrem ao longo da vida. “Quando uma criança nasce, muitos dizem que ela é a cara da mãe ou do pai. Só que quando nasce com deficiência, poucos se arriscam a dizer com quem parece. Precisamos incluir e não excluir”, enfatizou.
Atualmente, o projeto de equoterapia tem sede na base do Esquadrão de Polícia Montada, localizada no Parque de Exposições de Salvador. No entanto, não se resume à capital. A estratégia de ampliação tem dado certo, e o tratamento já acontece em mais 16 municípios baianos. A equoterapia assiste cerca de 150 pessoas, além das famílias que recebem o acolhimento da entidade, que objetiva oferecer toda uma estrutura psicoeducativa para que os responsáveis saibam lidar com a criança especial na vida cotidiana.
Sementes
O jovem Yuri Guimarães Brito, filho de Maria Cristina, foi o precursor da Equoterapia na Bahia. Diagnosticado com paralisia cerebral, ele passou por tratamento equoterápico, e obteve resultados fundamentais. Yuri se formou em publicidade, fez pós-graduação e estágios em empresas como a Petrobras, apesar da doença. “A equoterapia vem plantando uma sementinha para que surjam mais yuris”, comemorou.
Segundo o superintendente dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Estado, Alexandre Baroni, é sempre uma felicidade ver histórias como a de Maria Cristina e Yuri. “Isso mostra que estamos avançando. Teremos novos desafios, mas precisamos continuar fazendo esse espaço se multiplicar. Precisamos facilitar o acesso das pessoas às políticas públicas. Muitos acreditavam que essas pessoas não sobreviveriam, mas elas estão aí lutando pela cidadania”, ressaltou.
Além dos assistidos, o projeto de equoterapia tenta reduzir uma fila de espera com mais de 2 mil inscritos. Para o comandante do Esquadrão de Polícia Montada, major PM Carlos Eduardo Sampaio Menezes, a situação motiva os envolvidos a lutarem com mais energia para a ampliação do serviço.
“A lista de espera é grande, mas vamos fazer tudo o que for necessário para atender a todos. Asseguro que nunca faltarão cavalos para a atividade, assim como sempre terá equoterapia”, afirmou.
Além dos já citados, participaram da sessão especial o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), deputado Nelson Leal (PP); o líder da maioria na Casa, deputado Rosemberg Pinto (PT); o comandante do 19º Batalhão de Caçadores, Arlindo José da Cruz Neto; o comandante do Policiamento Especializado, coronel PM Antônio Sérgio Albuquerque Freire; o diretor da Unidade de Políticas Públicas para Pessoa com Deficiência, Wagner Andrade Souza; a ex-presidente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Ilka Carvalho; a presidente da Associação de Pais e Deficientes Auditivos (Apada), Marizandra Dantas; a presidente da Associação Baiana de Deficientes Físicos (Abadef), Maria Luíza Câmara; a consulesa Honorária da República Federativa da Alemanha na Bahia e Sergipe, Petra Hildegard Erna Schaeber; e a representante da Associação Nacional de Equoterapia (Ande Brasil), Ylna Opa Nascimento.