A deputada estadual Neusa Cadore (PT) se solidarizou com o Movimento de Policiais Antifascismo e, em especial, com o pesquisador em segurança pública, Alex Agra Ramos. A petista apresentou uma moção na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), na qual lembrou que, segundo matéria veiculada pelo site UOL, o Ministério da Justiça através do Seopi (Secretaria de Operações Integradas) promoveu investigação e elaborou dossiê sobre o movimento intitulado “movimento antifascismo”.
Neusa explica que o documento lista um grupo de 579 servidores federais e estaduais de segurança identificados como integrantes do “movimento antifascismo” e três professores universitários.
A Seopi foi criada a partir do Decreto no 9.662 de 1º de janeiro de 2019, passando a integrar o Sisbin (Sistema Brasileiro de Inteligência). Sua atuação é semelhante a outros órgãos que realizam o trabalho de inteligência no governo, como o CIE (Centro de Inteligência do Exército) e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
Na moção, a parlamentar fez uma cronologia dos fatos. Primeiro, o general e ministro do GSI, Augusto Heleno, divulgou uma “nota à nação brasileira”, na qual disse que a eventual apreensão do telefone celular de Jair Bolsonaro poderia ter “consequências imprevisíveis” para o país.
Na sequência, o movimento antifascismo divulgou um manifesto intitulado “Policiais antifascismo em defesa da democracia popular”, com a perspectiva de contar com a “participação de sindicatos, entidades de classe, movimentos populares, estudantes, artistas e outros” e o documento pediu reação “às ameaças civis-militares de ruptura institucional”.
O “movimento antifascismo” realizou protestos em Curitiba e em São Paulo. Como consequência, o presidente Bolsonaro declarou que se tratava de um “grupos de marginais, terroristas, querendo se movimentar para quebrar o Brasil” . O manifesto e os protestos serviram de mote para a investigação e a elaboração do dossiê pelo Ministério da Justiça.
Neusa lamenta o fato do documento elaborado pelo Ministério da Justiça ter sido repassando aos órgãos de inteligência federais e estaduais e a disseminação, de acordo com a matéria, pode ser usado, por exemplo, como subsídio para perseguições políticas dentro dos órgãos públicos.
Ainda de acordo com o UOL, a Seopi incluiu na investigação, cópias em PDF do livro “Antifa – o manual antifascista”, do professor de história Mark Bray, e de um certo “manual de terrorismo BR”.
“Este ultimo é o que chama mais atenção, encontrado na internet e escrito em linguagem adolescente, esse ‘manual’” diz ter receitas para fabricação de bombas caseiras e atos de “anarquia”. Contudo, ainda de acordo com a matéria, a Seopi não faz qualquer explicação que permita ligar esse “manual” aos antifascistas e não há registro de que “antifas” tenham participado de qualquer ato terrorista em território nacional”, afirmou a deputada.
De acordo com ela, um dos citados no dossiê do Ministério da Justiça como “formador de opinião” dos policiais antifascismo é o baiano Alex Agra Ramos, pesquisador em segurança pública e bacharel em Ciências Políticas pela Ufba. “Inconformado com a investigação, Alex considerou absurda a vinculação de um “manual terrorista” no dossiê aos policiais antifascistas”, explicou ela.