Sergio Moro preparou uma frase de efeito para encerrar seu último discurso como ministro da Justiça: “Sempre vou estar à disposição do país”.
Segundo a oluna de Bernardo Mello Franco, as palavras antecipam uma mudança no papel do ex-juiz da Lava-Jato. Sai o ministro, entra o candidato à Presidência em 2022.
O presidente Jair Bolsonaro já desconfiava que o ex-ministro tentaria enfrentá-lo nas urnas. Agora ele pode ter certeza disso.
A questão é saber como ele fará para se manter em evidência sem a vitrine do ministério e sem a sonhada vaga no Supremo Tribunal Federal.
Daqui para a frente, o ex-juiz e o capitão devem disputar eleitores no campo conservador, onde Moro ainda é visto como símbolo do combate à corrupção.
Parlamentares da bancada da bala e do PSL, antigo partido de Bolsonaro, já indicaram que ficarão do lado do agora ex-ministro.
Impeachment
O lançamento informal da candidatura não é o único golpe de Moro em Bolsonaro.
Ao acusar o presidente de tentar interferir em investigações da Polícia Federal, o ex-juiz narrou práticas que configuram crim de responsabilidade.
Isso abre uma nova frente para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito e para a apresentação de pedidos de impeachment contra Bolsonaro.
No pronunciamento, Moro deixou claro que tem munição guardada. Ele sugeriu que fará novas revelações em “outra ocasião”.