domingo 22 de dezembro de 2024
Da esquerda para a direita: Lula, o presidente da China, Xi Jinping, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov - Foto: Epa
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sábado 26 de agosto de 2023 às 13:05h

De quem é o Brics?

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Dentro do sempre confuso grupo dos países emergentes se trava no momento uma disputa para saber quem vai comandar esse bloco e quais decisões irão prevalecer nos movimentos que vêm sendo desenhados. De um lado da contenda, o presidente brasileiro, Luiz Inácio da Silva, diz matéria de Carlos José Marques, da Editora 3.

Do outro, os chineses, à frente da principal economia asiática, que planejam ampliar o número de participantes para projetar sua influência econômica, e até política, como forma de predominância sobre o mundo.

A Rússia também passou a ter interesse nesse reforço do Brics após enfrentar o isolamento e retaliação econômica global gerados pelo conflito com a Ucrânia. Lula, por sua vez, sonha com um protagonismo a partir de uma configuração mais compacta, do jeito que está.

O Brasil teme o descontrole e a falta de foco a partir da entrada ali de muitos pretendentes. Ao menos 23 nações estão neste momento almejando adesão. Na verdade, nada menos que 40 manifestaram algum tipo de interesse, mas parte já foi descartada.

Até quanto aos nomes de possíveis incluídos há divergências. Lula e seus assessores defendem a entrada da Argentina.

Chineses e russos querem os Emirados Árabes e a Indonésia. Há um temor da diplomacia brasileira com relação a um perfil mais radical do Brics que seria caracterizado a partir da incorporação de países que flertam com regimes autoritários.

É, decerto, algo concreto levando em conta a simpatia de russos e chineses nesse sentido. Existe a perspectiva de o grupo dobrar de tamanho em relação a composição atual, que já conta com a África do Sul como membro mais recente, e sede do último encontro dias atrás.

O Brasil está condicionando seu aval à expansão ao apoio dos chineses para entrar no Conselho de Segurança da ONU. Os negociadores querem uma posição clara de Pequim na defesa de uma reforma geral nesse braço estratégico das Nações Unidas. As discussões a respeito ainda estão indefinidas. Na prática, o objetivo claro de constituir um Brics mais robusto está amparado na ideia de antagonizar com o G-7 e de ter maior relevância que essa agremiação dos países mais ricos. Os brasileiros acham tal concorrência inócua.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alega que disputar espaço com outros blocos globais não agrega valor e representa um equívoco de posicionamento internacional.

O embaixador Celso Amorim, assessor especial do governo, avalia, por sua vez, que o mundo não pode mais ser ditado pelos desígnios do G-7 e que uma “afirmação global de importância” do Brics tem valor.

Nesse sentido, a ideia de adotar uma moeda comum, em alternativa ao dólar, nas transações comerciais tem sido vista como principal ferramenta de projeção. País interessado na movimentação, o Irã, histórico opositor dos americanos, aplaude a iniciativa e também aspira ingressar no clube.

Em Teerã, o Brics é tido como peça-chave para uma ordem multipolar. A teocracia islâmica, previsivelmente, aplaude qualquer iniciativa que arranhe a hegemonia e influência dos EUA sobre os demais. E é isso que está de fato em jogo.

No concerto das nações, o Brics quer virar o tabuleiro. Com o olhar generalizado sobre o seu futuro, nada mais natural que tantos candidatos buscando liderar seus desígnios.

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