Divulgada nesta quinta-feira (21), a pesquisa Datafolha sobre a avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforça um cenário com tendência negativa para a gestão do petista. O panorama foi apontado também por levantamentos anteriores, feitos pelos institutos Quaest e Ipec. Os resultados da semanas anteriores acenderam um alerta no Planalto, que, pressionado pela queda de popularidade, chegou a fazer uma reunião ministerial no início desta semana.
Datafolha
O Datafolha apontou, pela primeira vez em sua série histórica desde o início do atual mandato de Lula, empate técnico na margem de erro, que é de dois pontos percentuais, entre eleitores que consideram o governo Lula ótimo ou bom (35%) e os que o classificam como ruim ou péssimo (33%). Para outros 30%, o desempenho da gestão do petista é regular.
No levantamento anterior, em dezembro, os que classificavam Lula 3 como ótimo ou bom somavam 38%, enquanto o bloco de ruim/péssimo era 30%. Houve, portanto, oscilação com viés de alta na reprovação.
O levantamento do Datafolha mostra oscilações negativas frente a dezembro em segmentos como os evangélicos e a classe média. No primeiro grupo, passou de 38% para 43% a avaliação ruim/péssima. O recuo nesse segmento, que é mais próximo a Bolsonaro, também foi apontado em outras pesquisas recentes.
Entre eleitores com renda de dois a cinco salários mínimos, a fatia com uma percepção negativa do governo Lula passou de 35% para 39%. Na faixa seguinte, com renda de acima de cinco e até dez salários, foi de 38% para 48%.
Os números foram divulgados pelo jornal “Folha de S. Paulo”, que contratou a pesquisa. O instituto ouviu 2.002 eleitores em 147 cidades nos dias 19 e 20 de março.
Quaest
A rodada mais recente da pesquisa Genial/Quaest, divulgada há duas semanas, indicou que a percepção geral sobre o governo Lula piorou e também chegou a um empate técnico entre positivo e negativo.
O levantamento apontou que as declarações críticas de Lula sobre Israel derrubaram a avaliação do petista a seu nível mais baixo neste terceiro mandato, sobretudo entre os evangélicos, grupo majoritariamente alinhado ao bolsonarismo. A avaliação negativa do governo subiu cinco pontos percentuais (34%) e encostou na positiva (35%). Como a margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais, há um empate técnico.
A distância entre os grupos que aprovam e desaprovam a gestão petista, que era de sete pontos percentuais na pesquisa anterior, baixou para apenas um. Outros 28% avaliaram o governo como regular.
Já a desaprovação ao presidente passou de 43% em dezembro para 46% e a aprovação recuou de 54% para 51%; entre o segmento religioso, os que desaprovam saltaram de 56% para 62% e os que aprovam despencaram de 41% para 35%.
A pesquisa da Quaest foi contratada pelo banco Genial e entrevistou pessoalmente 2 mil brasileiros de 16 anos ou mais em todos os estados do país, entre 25 e 27 de fevereiro. A margem de erro é estimada em 2,2 pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%.
Ipec
Pesquisa Ipec divulgada há duas semanas indicou que a avaliação positiva do governo Lula caiu para o menor patamar desde o início do mandato. O levantamento aponta que 33% dos brasileiros consideram a gestão do petista como ótima ou boa, cinco pontos percentuais a menos que o registrado em dezembro, na pesquisa anterior.
Outros 33% consideram o governo regular (eram 30%, na última pesquisa) e 32% o avaliam como ruim ou péssima (eram 30%).
Em relação à avaliação negativa, houve oscilação dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou menos. Ainda assim, a fatia dos que consideram a gestão de Lula ruim ou péssima atingiu numericamente seu maior patamar até aqui. Em março do ano passado — mês da primeira pesquisa feita no terceiro mandato do petista — 24% viam o governo dessa forma, enquanto 41% o consideravam ótimo e bom.
As variações mais significativas na avaliação positiva foram registradas entre brasileiros com renda mensal de até um salário mínimo (de 51% para 39%) e entre moradores do Nordeste (52% para 43%), tradicional reduto de Lula.
O levantamento foi realizado pelo instituto entre os dias 1º e 5 de março e foram entrevistados presencialmente dois mil eleitores em 130 municípios.