Os moradores da cidade de São Paulo se identificam politicamente mais com a direita do que com a esquerda.
Dizem ser direitistas 28% deles, ante 21% que afirmam professar o esquerdismo. Somado àqueles que se dizem de centro-direita e de centro esquerda, o contingente dos campos vai a 40% e 31%, respectivamente.
O mapeamento numérico daquilo que é uma percepção entre estrategistas políticos foi feito pelo Datafolha em sua mais recente pesquisa na capital paulista, realizada nos dias 27 e 28 de maio. A margem de erro é de três pontos para mais ou menos.
Os pesquisadores propuseram aos entrevistados se posicionar numa escala que vai de 1, como o máximo de esquerda, e 7, o mais direitista. A nota média da cidade foi de 4,3, mais próxima do espectro da direita.
O Datafolha fez tal medição quatro vezes na história. Em abril de 2003, um ano antes de a então prefeita Marta Suplicy (PT) ser derrotada na tentativa de reeleição, só 13% se diziam de esquerda. O número passou para 16% em agosto de 2006, sob a gestão de Gilberto Kassab (PSD), e ficou em 14% em abril de 2013, quando Fernando Haddad (PT) estava em seu primeiro ano de mandato.
Em uma década, portanto, houve um avanço significativo do esquerdismo, chegando ao patamar atual de 21%. O mesmo se repetiu no direitismo: eram 20% em 2013 e, agora, 28% (semelhante aos 27% de 2003).
Desde 2013, a movimentação mais significativa não se deu nos campos intermediários: a centro-direita oscilou de 14% para 12%, a centro-esquerda ficou em 10% e o centro foi de 24% para 22%. Mas caiu pela metade o número de quem não se posicionava, de 16% para 8%.
Isso levou o índice médio a ficar constante, nos 4,3, nesta década. Antes, fora de 4,5 em 2003 e 4,2, em 2006, ano em que o já presidente Lula (PT) venceria a disputa para se reeleger.
O levantamento traz uma sugestão interessante acerca dos titulares da polarização brasileira: apesar do verniz conservador apontado, o paulistano é algo menos bolsonarista do que o brasileiro em geral —com a ressalva metodológica de que os levantamentos nacionais e municipal são incomparáveis diretamente.
Na capital, 19% se dizem seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto no cômputo nacional o número fica em 24%.
Já os que se declaram petistas na cidade são 31%, batendo com a média nacional de 30%, um empate que se nota em quase todos os segmentos intermediários. O neutro ocupa 23% do mapa paulistano e 21% do nacional.
Ao mesmo tempo, cabe ressaltar que Lula derrotou Bolsonaro por estreita margem na cidade no segundo turno de 2022, enquanto o então presidente venceu o petista no estado.
Em termos de perfil do conservadorismo, outras percepções são confirmadas. São mais direitistas os mais pobres (índice 4,5 entre quem ganha até 2 salários mínimos), menos instruídos (5 entre quem tem o fundamental) e evangélicos (4,7).
Já se identificam mais à esquerda os mais ricos (3,4 entre quem ganha mais de 10 mínimos), com curso superior (índice 3,8) e com renda média (4,2 entre quem ganha mais de 2 a 5 salários mínimos).
Do ponto de vista eleitoral, o dado é favorável aos conservadores: na amostra populacional desta pesquisa, por exemplo, os mais pobres compõem 43% do conjunto de entrevistados.
Sem muita surpresa, quando é feito o cruzamento do posicionamento com a intenção de voto, o eleitor mais direitista é o de Pablo Marçal (PRTB) e o de Kim Kataguiri (União Brasil), ambos com índice 5,2 na escala de 1 a 7.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB), que divide com o deputado Guilherme Boulos (PSOL) a liderança neste levantamento do Datafolha, trafega por ali, com seu eleitor marcando índice 5.
Mais próximos da média paulistana estão quem vota em José Luiz Datena (PSDB, 4,5) e Marina Helena (Novo, 4,1). Migrando um pouco mais ao centro está quem pretende sufragar Tabata Amaral (PSB), com índice 4, enquanto o líder compartilhado da corrida Boulos tem um eleitor de esquerda, com índice 3.
O Datafolha ouviu neste levantamento contratado pela Folha 1.092 eleitores na capital. A pesquisa está registrada sob o código 08145/2024 na Justiça Eleitoral.