Após um ano e três meses com a atual configuração, o Congresso Nacional registrou a sua melhor avaliação desde 2003. O dado é da última pesquisa Datafolha, divulgada nesta quarta-feira, e aponta que o trabalho dos atuais deputados e senadores é considerado “ótimo ou bom” por 22% dos entrevistados, enquanto 23% avaliam como “ruim ou péssimo”, e 53% o enxergam como regular.
A combinação dos níveis de aprovação e rejeição das casas sob o comando do senador Rodrigo Pacheco (PSD) e o deputado Arthur Lira (PP) é o melhor desde a pesquisa Datafolha de 20 anos atrás. Na ocasião, a aprovação foi de 24%, enquanto a rejeição era de 22%. O Congresso era conduzido por Efraim Morais e José Sarney, na época.
A melhor avaliação de deputados e senadores está entre os apoiadores do governo Lula, com 36%. As maiores reprovações ficam para os mais instruídos e a classe média brasileira (quem ganha 5 a 10 salários mínimos), com 31% e 33%, respectivamente.
A pesquisa foi realizada entre os dias 19 e 20 de março, 2.002 pessoas de 147 cidades do Brasil foram ouvidas pelo Datafolha. A margem de erro do levantamento é de dois pontos para mais ou menos.
Em nota, Pacheco exalta que as Casas Legislativas têm “histórico de serviços prestados”, e são entregas “relevantes e concretas, dentro daquilo que verdadeiramente interessa ao Brasil”. Para o parlamentar, a sociedade percebe esse trabalho, e destaca as reformas entregues nos últimos anos, como a da Previdência, Trabalhista e Tributária.
Pacheco ainda cita os marcos do Saneamento, o das Ferrovias e o da Cabotagem, e a aprovação das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, de fomento à cultura e implantadas após a pandemia da Covid-19. O presidente do Congresso também menciona os projetos de lei por igualdade salarial para homens e mulheres, o programa Emergencial de Renegociação de Dívidas de Pessoas Físicas Inadimplentes, o Desenrola Brasil e a retomada do programa do governo Minha Casa, Minha Vida.
Governo Lula e Lava-Jato
Nos últimos 20 anos, a taxa de aprovação esteve na casa dos 20% em dois momentos: em novembro de 2010, com 25%, e em abril de 2019, com 22%. Nestes períodos, as rejeições apresentavam níveis mais elevados, de 30% e 32%, respectivamente.
A pesquisa de 2003 que registrou que a melhor avaliação coincide com o fim do primeiro ano de mandato de Lula na Presidência. Em maio de 2020, a aprovação de 18% era semelhante, em comparação com a mesma etapa da legislatura anterior. No entanto, a reprovação era alta, e chegava a 32%.
Já os períodos de queda nos índices de “ótimo ou bom” começam a ter uma queda no levantamento em março de 2013, a poucos meses antes das manifestações daquele ano, quando marcava 21%. Na pesquisa seguinte, em março de 2016, no auge da operação Lava-Jato e na crise que culminou no impeachment da então presidente Dilma Rousseff, índice chegou ao menor patamar, com apenas 8% de avaliação positiva.
Outra percepção
A mais nova pesquisa Datafolha demonstra uma grande diferença de percepção da anterior, divulgada em dezembro de 2023. Houve uma grande queda do nível de rejeição do trabalho parlamentar, de 35% para 23%. Já na avaliação positiva, o aumento foi mais tímido, de 18% para 22%. O regular também subiu, em dez pontos.
Durante este período mais recente, os três Poderes promoveram alguns embates. Uma proposta para limitar o poder de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de emitir discussões monocráticas foi aprovada pelo Senado. A medida reabriu a discussão sobre reeleição para cargos no Executivo, incluindo a Presidência.
A Câmara passa por uma tensão constante com o Planalto. No início deste ano, na abertura dos trabalhos legislativos, o presidente Lula exaltou em mensagem o “diálogo” com os parlamentares.