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quinta-feira 22 de setembro de 2022 às 06:18h

Curso de direito atrai quem quer fazer carreira na política

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A segunda profissão mais comum entre os candidatos a cargos públicos nestas eleições é a de advogado —atrás apenas de empresário—, com 7,2% dos postulantes, segundo levantamento do Deltafolha feito com base nas declarações ao TSE. São mais de 2.000 formados em direito.

A alta procura pela faculdade não é coincidência. O curso inclui disciplinas que dão bagagem teórica sobre o funcionamento do Estado e das leis, além de ajudar a desenvolver habilidades importantes para os políticos, como ter boa oratória e saber debater.

O professor de teoria do Estado no curso de direito da Unesp (Universidade Estadual Paulista) Murilo Gaspardo acredita que a formação é altamente recomendada para quem tem pretensões políticas. “É um espaço para qualificação técnica e prática. O curso oferece uma série de ferramentas teóricas para a atividade, além da experiência.”

Na opinião do professor, entender de leis ajuda a navegar pelas mais diversas áreas dos governos. “As políticas públicas se dão a partir de uma institucionalidade jurídica. O SUS (Sistema Único de Saúde), por exemplo, vem da Constituição. Mesmo sem ser da área da saúde, a pessoa formada em direito tem o domínio da estrutura jurídica das políticas públicas”, explica.

Mas, além de atrair quem já demonstra vocação, estudar direito também acaba despertando o interesse pelo assunto. “Há um duplo movimento: alimenta quem já se interessa pelo curso e estimula quem não pensava no assunto”, diz Gaspardo, que foi duas vezes vereador em Jaboticabal (interior de São Paulo).

O professor sente que, embora ainda seja comum, a prevalência do interesse por política partidária vem diminuindo com o passar dos anos. “Quando eu estudei, a maioria dos alunos pensava em ser candidato. Hoje vivemos uma crise na política partidária e também temos outras formas de atuação política, como o trabalho em ONGs”, cita.

A estudante de direito Camila Laís Amorim, 20, não pensa em concorrer a um cargo no Legislativo ou no Executivo, mas tem certeza de que sempre terá alguma atuação política. Atualmente ela é tesoureira do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo).

“Como estudante negra e de periferia, desde que entrei na faculdade percebi que a política era inevitável para minha permanência”, afirma. Ela cita como exemplo o fato de que, pela primeira vez, a festa de integração dos estudantes teve gratuidade para alunos cotistas. “O valor cobrado tornava inviável que vários estudantes participassem.”

Camila acredita que o curso prepara bem aqueles que quiserem se candidatar a um cargo público. “Desde o começo, temos que apresentar seminário, argumentar. Eu esperava por isso, mas é mais forte do que eu pensava. Ainda temos extensão em retórica, grupos para treinar apresentações.”

Clever Vasconcelos, professor de direito constitucional no Ibmec e promotor, lembra que os cursos tratam do relacionamento entre os poderes e o povo em vários momentos da história e em todo o mundo. “Ter essa visão pode contribuir para a calibragem interna que o Brasil precisa. Esse tipo de reflexão tem o potencial de fazer do aluno um agente de mudança”, diz.

Entusiasta da formação, ele defende que o curso de direito faria bem para todos, políticos ou não. “A gente desenvolve a capacidade de ler, interpretar e argumentar”, explica.

Vasconcelos ressalta que a formação é multidisciplinar e “multiprofissional”. Os graduados podem se tornar juízes, promotores, delegados de polícia, seguir carreira diplomática, entrar no magistério, virar consultor legislativo, ou, é claro, ser advogado.

O professor lembra que, de qualquer forma, esses profissionais estarão fazendo política. “‘Polis’ significa cidade; ‘cos’ é falar. A gente faz política dentro de casa, com amigos, num restaurante, onde houver relacionamento humano.”

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