O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fez na noite de terça-feira (31) um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão no qual afirmou que a crise hídrica se agravou, com reflexo nos reservatórios das hidrelétricas, e pediu que as pessoas reduzam o consumo de eletricidade.
Ele fez um apelo para que os consumidores apaguem luzes e aparelhos que não estão em uso, e diminuam o uso de ar-condicionado, ferro de passar e chuveiro elétrico, especialmente durante o horário de pico da tarde nos dias úteis. Albuquerque disse que o esforço será necessário para afastar o risco de apagões.
“Para aumentar a segurança energética e afastar o risco de falta de energia no horário de maior consumo é necessário que a administração e o consumidor participem de um esforço inadiável de redução do consumo”, afirmou o ministro.
O Brasil atravessa a sua pior crise hídrica dos últimos 91 anos, e o volume de chuvas neste ano foi pior do que o esperado, afetando de forma particularmente grave os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Segundo o ministro, a perda de geração hidrelétrica maior que a prevista equivale ao consumo de uma cidade do tamanho do Rio de Janeiro durante cinco meses.
Eletricidade mais cara
A crise hídrica forçou o governo a aumentar a geração de eletricidade em usinas termelétricas, mais caras, e importar energia de países vizinhos. Como consequência, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vem adotando bandeiras tarifárias mais caras nos últimos meses, que elevam o preço da eletricidade vendida ao consumidor.
Nesta terça, a Aneel anunciou a criação de uma nova bandeira, chamada de “bandeira de escassez hídrica”, que custará R$ 14,20 por 100kWh e entrou em vigor nesta quarta. Esse valor é 49,6% superior à bandeira vermelha patamar 2, que vinha sendo aplicada e que, por sua vez, já havia sido reajustada em 52% no final de junho.
A adoção da nova bandeira provocará um aumento na conta média dos consumidores de 6,8%, segundo o Ministério de Minas e Energia.
Incentivos à redução do consumo
O governo federal também anunciou na terça detalhes de um programa que dará desconto na conta para consumidores residenciais e pequenas empresas que reduzirem seu consumo. O bônus será de R$ 0,50 para cada quilowatt-hora (kWh) reduzido em relação ao consumo do mesmo período do ano passado.
O desconto entrou em vigor nesta quarta e vale para quem reduzir em ao menos 10% o seu consumo, e será limitado a 20% de redução. A comparação será feita no período acumulado de setembro ao final de dezembro, e o desconto será dado nas contas de janeiro de 2022.
A medida custará cerca de R$ 339 milhões por mês, e será financiada por uma taxa cobrada na própria fatura da energia elétrica de todos os consumidores.
Em 23 de agosto, o governo já havia publicado regras para um programa de redução voluntária do consumo de energia por grandes consumidores, como indústrias. Também foi editado um decreto determinando que os órgãos públicos federais reduzam o seu consumo de energia de 10% a 20% de setembro até abril de 2022.