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segunda-feira 9 de maio de 2022 às 16:49h

Cresce interesse por fábrica de fertilizantes da Petrobras

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Um dia depois de a Petrobras cancelar o negócio com a russa Acron, a petroquímica Unigel anunciou que gostaria de comprar a UFN 3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3). Foi a única sinalização pública, mas a expectativa segundo o portal Poder360, é que o interesse pela fábrica seja maior nessa nova tentativa de desinvestimento pela Petrobras.

Tanto que a ideia da estatal é “ter celeridade no processo, especialmente dado o interesse mais recente do mercado em relação ao ativo”, disse o diretor financeiro da Petrobras, Rodrigo Araújo. A previsão é lançar o novo processo em junho.

O cenário geopolítico joga a favor da alienação. Segundo o analista sênior da Datagro, Paulo Bruno Craveiro, desde janeiro, os preços dos insumos em São Paulo aumentaram 135% para a ureia, 203% para o potássio e 92% para fosfato — são os 3 nutrientes da composição NPK.

“Com esse cenário, de problemas de oferta, incertezas e consequentemente aumento de preços, existe maior interesse em investimentos na área, seja a construção de novas fábricas ou reativação de fábricas que estejam hibernadas, novos bens substitutos e novas tecnologias”, afirmou o especialista. Como mostrou o Poder360, o Brasil tem 6 plantas hibernadas ou inacabadas que poderiam aumentar a produção nacional em 62%, caso entrassem em operação.

Além disso, o lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) cria um cenário mais favorável ao investimento na produção nacional, uma vez que visa diminuir a dependência de importações.

“É natural que, com o estabelecimento desse problema [dependência de importações e risco de escassez com a guerra] no nível que está, a conjunta política favorável para resolver esses problemas levam a um cenário de alto interesse de investidores”, disse o diretor-executivo do Sinprifert (Sindicato Nacional da Indústria de Matérias-Primas para Fertilizantes) Bernardo Silva.

Segundo o diretor do Sinprifert, o governo está mobilizando os órgãos de fomento para abrir linhas de crédito voltadas para a produção de fertilizantes. “Além disso, há também no Congresso Nacional o projeto de lei Profert que estabelece um regime especial de investimentos em projetos de fertilizantes, que traz uma série de mecanismos para se baratear o custo de investimento em plantas e projetos no país”, afirmou.

O diretor de Relações com Investidores da Unigel, Luiz Felipe Fustaino, cita ainda o sucesso da companhia na operação das fábricas de fertilizantes nitrogenados de Sergipe e da Bahia. As unidades são da Petrobras e foram arrendadas pela Unigel por 10 anos, prorrogáveis pelo mesmo período.

“O fato de a Unigel ter sido muito bem-sucedida na retomada das Fafens também aumenta o interesse pelos ativos. Acho que a Unigel conseguiu provar uma capacidade operacional de rentabilizar os ativos, claro que numa conjuntura favorável, mas existiam dúvidas quanto à capacidade de manter esses ativos operando a plena carga, como de fato está desde que nós retomamos a produção”, disse o executivo.

Para Fustaino, o a Nova Lei do Gás e a entrada de novos agentes trazem confiança ao investidor de que haverá disponibilidade de gás. “O ambiente é mais favorável para que se tenha sucesso em um processo de venda”, afirmou.

A Unigel tem 3 das 4 fábricas de fertilizantes nitrogenados em operação no Brasil: as duas unidades da Petrobras e uma planta em Candeias, na Bahia. Com a aquisição da UFN 3, a companhia se consolidaria como o principal player no mercado de ureia.

“Entramos por uma porta, que foi a porta das Fafens [fábricas de fertilizantes nitrogenados], temos interesse em estar na produção de fertilizantes, em consolidar a liderança no Brasil e vamos nos organizar para participar desse processo que deve ser anunciado pela Petrobras”, disse o diretor da Unigel.

A planta de Três Lagoas tem o potencial de aumentar a capacidade de produção nacional em 9%. A unidade está com construção paralisada, com cerca de 80% das obras concluídas. As estimativas do mercado é que seriam necessárias “algumas centenas de milhões de dólares” para colocar a UFN 3 em operação.

A unidade no Mato Grosso do Sul estava sendo negociada com a russa Acron. No início de fevereiro, a ex-ministra Teresa Cristina fez o anúncio público das conversas. As negociações resistiram ao início da guerra na Ucrânia, mas foi a falta de acordo com o governo estadual que impossibilitou o negócio, segundo a Petrobras.

“O potencial comprador não chegou a um bom termo especialmente com o governo estadual, tinham algumas transferências de benefícios, licenças e algumas questões que precisam ser endereçadas com aprovação na esfera estadual, principalmente, mas municipal também”, disse o diretor financeiro da estatal, em coletiva de imprensa na última sexta-feira (6).

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