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segunda-feira 8 de abril de 2024 às 07:03h

Cresce apreensão no PT com polarização nas eleições locais

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Segundo César Felício, do jornal Valor, cresce o pessimismo dentro do PT com as eleições municipais. Na opinião de um dos mais influentes dirigentes da sigla, a perspectiva eleitoral é ruim para o partido fora do Nordeste, especialmente em relação a São Paulo, principal colégio eleitoral, onde o PT apoiará o deputado Guilherme Boulos (Psol).

A avaliação é que Boulos está garantido no segundo turno, mas terá grandes dificuldades em agregar apoio do centro político para derrotar o prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

São dois os motivos citados por este dirigente: Nunes comanda uma máquina administrativa e eleitoral capitalizada e o cenário de polarização nacional tende a transferir a rejeição a Lula na cidade para Boulos, sem que a rejeição a Bolsonaro vá para o atual prefeito. O prefeito não tem um histórico de identidade com a extrema-direita, enquanto Boulos e o Psol têm grande identificação com o campo da esquerda.

Para esse petista, houve um erro estratégico do governo federal ao apostar na manutenção da polarização com Bolsonaro depois do 8 de Janeiro, alimentando debates com o grupo político do ex-presidente em temas como a política externa.

O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiteradas vezes menciona seu antecessor, sobretudo nos momentos em que Bolsonaro enfrenta percalços na justiça em função das investigações a que responde. Lula, por exemplo, chamou Bolsonaro de “covardão” ao fazer um pronunciamento público em uma reunião ministerial. A recomendação que é feita atualmente por aliados do presidente é de que ele baixe a temperatura do debate, algo difícil de conciliar com o engajamento na campanha eleitoral local, como o presidente deve ser instado a fazer.

Política externa de Lula é considerada um sangradouro de votos para o presidente

De acordo com esse diagnóstico, falta ao governo federal o anúncio de um programa que gere impacto na opinião pública a curto prazo. A retomada do programa Bolsa Família é considerada um veio esgotado, e investimentos do PAC e do Minha Casa Minha Vida têm sua resposta nas pesquisas diluída pelo médio e longo prazo. Já a política externa de Lula alinhada a Rússia e Venezuela é considerada um sangradouro de votos para o presidente.

Boulos e Nunes estão virtualmente empatados nas pesquisas eleitorais, oscilando entre 30% e 35%. Em um patamar bem mais baixo, entre 5% e 10%, estão Tabata Amaral (PSB), Kim Kataguiri (União Brasil) e Marina Helena (Novo). Caso Kim e Marina Helena mantenham suas candidaturas, seus partidos devem apoiar Nunes em um segundo turno.

Conquistar o eleitorado de Tabata Amaral deve se tornar fundamental para Boulos. O PSB é o partido do vice-presidente Geraldo Alckmin e deve declarar apoio a Boulos no segundo turno. Mas dentro da própria campanha do pré-candidato do Psol parte-se da premissa de que Tabata e Nunes competem pela herança tucana. Nunes tem o apoio declarado de Tomas Covas, filho do prefeito Bruno Covas, falecido em 2021, de quem o atual prefeito era vice. Tabata busca uma aliança com o PSDB, que seria representado na chapa pelo apresentador José Luiz Datena.

Independentemente do resultado em São Paulo, a visão dentro do PT paulista é que cresceu a possibilidade de uma candidatura presidencial do governador Tarcísio de Freitas contra Lula em 2026. A linha de corte será a aprovação do governo federal em abril de 2026, momento em que o governador precisaria se desincompatibilizar para disputar outro cargo.

Se a soma de avaliações boas ou ótimas de Lula ficar abaixo de 40%, a possibilidade de Tarcísio derrotar o atual presidente é vista como real dentro do partido e a aposta é que Tarcísio se sinta estimulado a concorrer. Esse seria um sinal de que o antipetismo é um fenômeno mais forte do que o bolsonarismo. Na última pesquisa nacional de avaliação de governo divulgada pelo Datafolha, no dia 21, esse índice ficou em 35%.

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