Nos últimos dias, o valor barril do petróleo no mercado internacional subiu e desceu como em uma montanha-russa. Os ataques do grupo rebelde Houthi no Mar Vermelho, os bombardeios americanos no Irã, Iraque e Síria e o risco de uma escalada da guerra entre Israel e Hamas pressionaram a cotação. Na quarta-feira (7), a commodity avançou 0,75%, a US$ 73,86, depois de ter caído quase 2% na véspera. Mas o tema aqui é outro. O petróleo é só um termômetro do que vem ocorrendo no Oriente Médio e que pode influenciar os rumos da economia e política nos próximos meses.
A semana teve indícios de pacificação, com uma possível trégua na ocupação israelense na Faixa de Gaza, mas o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou uma oferta de cessar-fogo do Hamas e afirmou que o país está a caminho de uma vitória total. Uma semana antes, a morte de três militares americanos na fronteira entre Jordânia e Síria empurram os Estados Unidos para o epicentro da guerra e aumentou bastante a pressão sobre o presidente Joe Biden.
Desde outubro, instalações militares dos EUA no Iraque e na Síria têm sido repetidamente atacadas por milícias apoiadas pelo Irã, ferindo soldados dos EUA. Segundo autoridades americanas, suas bases foram atacadas mais de 150 vezes desde o início do conflito Israel-Hamas.
Por isso, os EUA têm contra-atacado alvos em vários países da região. Críticos de Biden — em ano eleitoral, não esqueçamos — tem acusado o presidente de ser brando demais com o Irã. O líder americano, por outro lado, afirma que evita tensionar as relações e criar um novo combate de grandes proporções. “Não acredito que precisemos de uma guerra mais ampla no Oriente Médio. Não é isso que procuro.”
Apesar do tom ameno de Biden, o professor de Relações Internacionais Fawaz Gerges, da London School of Economics and Political Science (LSE), na Inglaterra, avalia que existe o perigo real de que a guerra em Gaza se torne um conflito regional mais amplo. “A grande questão é que a estratégia de dissuasão do presidente Biden fracassou”, disse.
A expansão do conflito é considerada uma derrota da estratégia americana dos últimos meses. Seu objetivo era evitar a escalada do conflito na Faixa de Gaza para os países vizinhos.
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, em visita à região, afirmou na quarta-feira (7) que ainda há “margem para um acordo” sobre os reféns israelenses que o movimento islamista Hamas capturou em uma incursão sem precedentes em 7 de outubro em Israel.
Nos bastidores da política americana, a guerra no Oriente Médio é pauta de campanha. O ex-presidente Donald Trump, pré-candidato republicano nas eleições deste ano, disse que o ataque “nunca teria acontecido” se ele fosse presidente. Mas, apesar das declarações de Trump, forças americanas na Síria foram atacadas várias vezes durante o seu mandato, entre 2016 e 2020, incluindo um ataque que matou quatro soldados.
Ataques
Por outro lado, houve ataques mais contundentes de Biden a Trump. O atual presidente relembrou a recusa de Trump em visitar uma cerimônia militar na França enquanto ele estava no cargo. Além disso, Biden disse que Trump teria ofendido os militares americanos que morram no ataque da semana passada, mas Trump negou ter chamado os militares mortos na guerra de “otários e perdedores”. Mesmo assim Biden aproveitou a controvérsia. “O único perdedor que vejo é Donald Trump.”
O presidente também destacou a aparente confusão recente de Trump entre Haley e a ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, ao levantar questões sobre a aptidão mental do ex-presidente, retomando as afirmações de Trump de que ele é incapaz contra seu rival de 77 anos.
“Ele está um pouco confuso atualmente”, disse Biden. Parece que a crescente tensão no Oriente Médio tem ajudado também a aumentar a pressão dentro da política. Em ambos os casos, o desfecho é imprevisível.