O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Un, supervisionou uma grande parada militar que exibiu um número recorde de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM), por ocasião do 75º aniversário da fundação das Forças Armadas do país.
O desfile, organizado na quarta-feira (8) à noite na Praça Kim Il Sung de Pyongyang, teve fogos de artifícios, bandas militares e soldados uniformizados marchando em uníssono, informou a agência de notícias estatal KCNA.
Com um casaco e chapéu, combinação muito utilizada por seu avô e fundador do país, Kim Il Sung, o dirigente compareceu ao desfile com sua esposa, Ri Sol Ju, e sua filha Ju Ae, de acordo com as fotografias oficiais.
Nas imagens, Kim aparece no tapete vermelho, acompanhado por seus generais, enquanto inspeciona os soldados armados e acena durante a passagem das tropas e unidades de mísseis.
As armas apresentadas incluem ao menos 10 mísseis intercontinentais Hwasong-17, os mais avançados do país, e veículos aparentemente projetados para transportar ICBM de combustível sólido, informou o site especializado NK News.
O país organiza paradas militares para celebrar datas e momentos importantes, eventos que são analisados com muita atenção em busca de pistas sobre o avanço do regime fechado em seus programas de armas balísticas e nucleares.
Colunas de mísseis desfilaram pela praça, incluindo uma “unidade tática nuclear, que mostrou sua potente capacidade de dissuasão e contra-ataque”, afirmou a KCNA.
O público aplaudiu a passagem dos ICBM, segundo a agência.
O desfile mostrou “o desenvolvimento transformador de capacidade defensiva e a grande capacidade de ataque nuclear do país”, acrescentou.
Imagens registradas por satélites da empresa Maxar Technologies às 22H05 (10H05 de Brasília) de quarta-feira mostram uma grande bandeira norte-coreana e milhares de pessoas reunidas na praça.
Poder nuclear
Analistas destacaram que as armas exibidas demonstram avanços que representam um desafio para os Estados Unidos.
“Eles mostraram mais ICBM no desfile do que haviam exibido antes, consistente com a diretriz de longa data de Kim Jong Un sobre a produção em larga escala de armas nucleares e sistemas de lançamento”, afirmou à AFP o analista Ankit Panda.
Ele considera a questão um problema para Washington, que planejou seu sistema de defesa antimísseis para lidar com uma ameaça “limitada” de mísseis da Coreia do Norte.
“A Coreia do Norte demonstrou que suas forças nucleares estão longe de serem limitadas”, acrescentou.
Outros analistas afirmaram que ao exibir mais mísseis Hwasong-17, Pyongyang envia uma mensagem clara.
“Esta é a Coreia do Norte tentando se declarar uma potência nuclear de pleno direito”, disse à AFP Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha de Seul.
Próxima geração
A imprensa estatal norte-coreana passou vários anos sem mencionar os filhos de Kim. Em novembro do ano passado, no entanto, ele compareceu ao lançamento de um míssil balístico ao lado da filha Ju Ae.
Desde então, a menina de 10 anos apareceu ao lado do pai em vários eventos, incluindo um banquete na terça-feira para celebrar o aniversário da fundação das Forças Armadas.
Analistas afirmam que Ju Ae é o equivalente a uma “princesa” norte-coreana e que sua presença frequente ao lado do pai pode indicar que ela é a sucessora designada.
O pai de Kim Jong Un, Kim Jong Il, o escolheu como sucessor, desbancando os filhos mais velhos, por considerá-lo mais parecido fisicamente.
A Coreia do Norte teve quatro desfiles militares noturnos nos últimos anos, incluindo o de quarta-feira.
Pyongyang prometeu ampliar e intensificar os exercícios militares como preparação para uma guerra, após um ano com um número recorde de testes de armas.
Kim pediu recentemente um aumento “exponencial” do arsenal nuclear do país, incluindo a produção em larga escala de armas nucleares táticas e o desenvolvimento de mísseis para contra-ataques nucleares.