A formalização do tratado acontece numa altura em que os Estados Unidos e a Coreia do Sul acusam a Coreia do Norte, com armas nucleares, de enviar mais de 10 mil soldados para ajudar a Rússia a combater a Ucrânia.
O acordo de defesa entre a Coreia do Norte e a Rússia, que sela a sua aproximação no contexto da guerra liderada por Moscovo na Ucrânia, entrou em vigor, anunciou nesta quinta-feira (5) o regime norte-coreano.
O acordo entrou em vigor na quarta-feira, quando documentos ratificados após o acordo assinado em junho pelo líder norte-coreano Kim Jong Un e pelo seu homólogo russo Vladimir Putin foram trocados em Moscovo entre os dois países, referiu a agência norte-coreana KCNA.
A formalização do tratado acontece numa altura em que os Estados Unidos e a Coreia do Sul acusam a Coreia do Norte, com armas nucleares, de enviar mais de 10 mil soldados para ajudar a Rússia a combater a Ucrânia.
O líder norte-coreano Kim Jong Un quer adquirir em troca tecnologias avançadas de Moscovo e experiência de combate para as suas tropas, dizem os especialistas.
Kim e Putin assinaram o acordo de parceria estratégica durante a visita do líder do Kremlin a Pyongyang.
Este acordo obriga os dois países a prestar assistência militar “sem demora” no caso de um ataque contra o outro e a oporem-se conjuntamente às sanções ocidentais.
No mês passado, os deputados russos votaram unanimemente a favor do acordo, que foi posteriormente assinado por Vladimir Putin. Pyongyang disse que foi ratificado por um decreto de Kim.
O tratado servirá como uma “poderosa força motriz que acelerará o estabelecimento de uma ordem mundial multipolar, independente e justa, sem dominação, submissão ou hegemonia”, afirmou a KCNA.
Os analistas sugeriram que a Coreia do Norte poderia utilizar a Ucrânia para reorientar a sua política externa.
Ao enviar tropas, os norte coreanos se posicionam dentro da economia de guerra russa como fornecedora de armas, apoio militar e mão-de-obra, podendo mesmo contornar o seu aliado tradicional, o seu vizinho e principal parceiro comercial, a China.
A Coreia do Norte e a Rússia reforçaram os laços militares desde a invasão da Ucrânia por Moscovo, em fevereiro de 2022.
Ambos os países estão sujeitos a uma série de sanções da ONU, a primeira pelo seu programa de armamento nuclear e a segunda pelo conflito ucraniano.
Kim disse na semana passada, durante uma visita a Pyongyang do ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, que o seu governo, exército e povo “apoiarão invariavelmente a política da Federação Russa de defender a sua soberania e a sua integridade territorial”.
Em junho, o presidente russo classificou o acordo como um “documento revolucionário”.
O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, alertou na quarta-feira (4) que a Rússia está a apoiar o programa nuclear norte-coreano, enquanto Pyongyang está a ajudar Moscovo com militares no conflito na Ucrânia, realçando que até os Estados Unidos estão ameaçados com tal cenário.
O ex-primeiro-ministro dos Países Baixos acrescentou que há evidências de um “alinhamento cada vez maior” entre a Rússia, China, Coreia do Norte e Irão, nomeadamente ao nível do conflito na Ucrânia, e que parte desse alinhamento passa pelo apoio do Kremlin (presidência russa) ao programa nuclear norte-coreano.
A Coreia do Norte enviou entre 10.000 e 12.000 soldados para a Rússia, para ajudar Moscou na sua guerra contra a Ucrânia, passo que foi classificado pelo Ocidente como uma “grande escalada” do conflito.
A China, por seu lado, é acusada de ajudar Moscovo a contornar as sanções ocidentais e é suspeita de enviar ‘drones’ para a Rússia.
O Irã também é acusado de fornecer ‘drones’ e mísseis às forças russas.