O parlamento de Israel votou neste último domingo (13) pela formação de um novo governo. Com uma votação apertada, a maioria decidiu que Naftali Bennett substitui Benjamin Netanyahu como primeiro-ministro israelense. Foram 60 votos a favor, 59 votos contra e uma abstenção.
A vitória de Bennett encerra o período de 12 anos de Netanyahu no poder – o mandato mais longo da história do país.
Segundo a Reuters, Naftali Bennett é um milionário do ramo da tecnologia e pretende anexar a maior parte da Cisjordânia ocupada. Ele já disse que a criação de um estado palestino seria suicídio para Israel, citando razões de segurança.
O porta-bandeira da direita religiosa de Israel e forte defensor dos assentamentos judeus, no entanto, afirma que está unindo forças com seus oponentes políticos para salvar o país de um desastre político.
Filho de imigrantes americanos, Bennett, de 49 anos, é uma geração mais jovem do que Netanyahu, o mais antigo líder de Israel, de 71 anos.
Ex-comandante das Forças de Defesa Israelenses, Bennett batizou seu filho mais velho em homenagem ao irmão de Netanyahu, Yoni, que foi morto em uma operação israelense para libertar passageiros sequestrados no aeroporto de Entebbe, em Uganda, em 1976.
Bennett teve um relacionamento longo — e muitas vezes difícil — com Netanyahu, trabalhando entre 2006 e 2008 como chefe de gabinete do então líder da oposição.
A ascensão de Bennett na política israelense se deu em 2013 ao promover uma renovação no partido pró-colonização e atuar como ministro da Educação, da Economia e também da Defesa durante a gestão de Netanyahu.
Ex-líder do Yesha, o principal movimento de colonos na Cisjordânia, Bennett fez da anexação de partes do território que Israel capturou em uma guerra de 1967 uma característica importante de sua plataforma política.
Mas, como chefe de um chamado governo de “mudança” — que incluirá partidos de esquerda e de centro, embora conte com o apoio de legisladores árabes no parlamento –, seguir com a anexação será politicamente inviável.
Neste último domingo (13), Bennett disse que tanto a direita quanto a esquerda teriam que ceder em relação à questões ideológicas.
Nascido na cidade israelense de Haifa e filho de imigrantes de San Francisco, nos EUA, o milionário é um judeu religioso ortodoxo moderno. Ele mora com sua esposa, Gilat, uma confeiteira, e seus quatro filhos no subúrbio de Tel Aviv, em Raanana.
Assim como Netanyahu, Bennett fala inglês fluentemente com sotaque americano e passou parte de sua infância nos Estados Unidos, onde seus pais estavam em licença sabática.
Enquanto trabalhava no setor de tecnologia, Bennett estudou direito na Universidade Hebraica de Jerusalém. Em 1999, ele criou uma startup e depois se mudou para Nova York, vendendo sua empresa de software antifraude, Cyota, para a empresa de segurança norte-americana RSA por US$ 145 milhões em 2005.
Políticas
No ano passado, enquanto o governo de Netanyahu procurava levar adiante a anexação da Cisjordânia e a construção de assentamentos nos últimos meses do governo Trump, Bennett, então chefe da defesa, disse: “O ímpeto de construção no país não deve ser interrompido, nem por um segundo”.
O plano de anexação, no entanto, acabou sendo descartado quando Israel formalizou laços com os Emirados Árabes Unidos. Analistas acham pouco provável que o plano seja ressuscitado pelo sucessor de Donald Trump, o democrata Joe Biden.
Os palestinos, porém, enxergam a chegada de Bennett como um golpe nas esperanças de uma paz negociada e a criação de um Estado independente, fórmula diplomática defendida por Biden.
Depois que Israel realizou em março sua quarta eleição em dois anos, Bennett, que lidera o partido de extrema-direita Yamina, disse que uma quinta votação seria uma calamidade nacional e entrou em negociações com o bloco de centro-esquerda que forma a principal oposição a Netanyahu.
Defensor da liberalização da economia, Bennett expressou apoio à redução da burocracia e dos impostos do governo.
Ao contrário de alguns de seus ex-aliados da direita religiosa, Bennett é comparativamente liberal em questões como os direitos dos homossexuais e a relação entre religião e estado em um país onde os rabinos ortodoxos exercem forte influência.