Em seu terceiro mandato, o presidente Lula da Silva (PT) está muito mais confiante do que quando chegou ao Executivo federal pela primeira vez, em 2003, e conta menos com os conselhos de aliados — um contexto mais propício para decisões equivocadas.
A avaliação é do jornalista e diretor de comunicação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), João Borges, que é autor do livro “Eles não são loucos”, sobre o período de transição entre os governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula.
Na época, havia um grande temor por parte do mercado de que o governo petista não saberia tocar a economia do país. Borges afirma, inclusive, que o próprio Lula compactuava desse receio em alguma medida — e isso contribuiu para que o petista fosse cauteloso sobre qual seria o caminho a ser adotado por sua gestão. Passados mais de 20 anos, hoje Lula está seguro — talvez até demais — de sua habilidade para comandar o país e as contas públicas, segundo Borges.
“As pessoas, não só na política mas na vida pessoal, tendem a errar mais quando estão mais seguras”, disse em evento da Warren Investimentos, na terça-feira (24). “Talvez ele (Lula) esteja menos permeável a ouvir coisas que não são a primeira opção dele”. O chefe da comunicação da Febraban argumenta, contudo, que o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, foi capaz de convencer Lula a adotar uma postura de mais cautela em algumas situações, como no caso de suas falas sobre responsabilidade fiscal, que mexem com a cotação do dólar.