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sexta-feira 4 de outubro de 2024 às 17:19h

Como Israel e Irã se defendem um do outro

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Atual escalada militar israelo-iraniana intensifica os temores de uma guerra de âmbito regional. Quais considerações estratégicas guiam as decisões dos arqui-inimigos de atacar ou se conter?O ministro iraniano do Exterior, Abbas Araghchi, declarou que a ofensiva com mísseis da terça-feira (01/10), de seu país contra Israel, está “concluída, a menos que o regime israelense decida motivar mais retaliação”. “Nesse cenário, nossa reação será mais forte e mais potente”, escreveu na plataforma X o antigo líder da equipe de negociação nuclear para o Irã.

Segundo o país, o ataque com cerca de 180 mísseis visou apenas a infraestrutura militar de Israel, em resposta aos recentes assassinatos de líderes da milícia Hezbollah e à incursão atualmente em curso do Líbano. No mesmo dia, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu revidar: “O Irã cometeu um grande erro esta noite, e pagará por isso.”

Os Estados Unidos comprometeram-se a respaldar Israel, a fim de assegurar que os iranianos encarem “consequências severas”. O Pentágono confirmou ter disparado cerca de uma dezena de interceptadores contra os mísseis iranianos.

Em contrapartida, segundo Simon Wolfgang Fuchs, especialista em Oriente Médio da Universidade Hebraica de Jerusalém, as Guardas Revolucionárias Iranianas ameaçaram explicitamente os EUA.

“Elas disseram: ‘Se vocês atacarem as nossas refinarias, vamos incendiar as suas e também refinarias e campos de petróleo da região, inclusive da Arábia Saudita, Azerbaijão, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Bahrein.”

“Retaliação significativa” de Israel

No entanto, muitos em Israel consideram esta uma oportunidade única de virar todo o Oriente Médio de ponta-cabeça, enfraquecendo decisivamente o Irã: “Israel está tudo, menos interessado em desescalar a situação, no momento”, afirma Fuchs, acrescentando que, no entanto, no caso de um ataque às instalações iranianas de petróleo, ou mesmo nucleares, a situação se tornaria realmente imprevisível.

Segundo o website americano Axios, dentro de alguns dias será lançada uma “retaliação significativa”. Autoridades israelenses teriam revelado que estão na mira refinarias e outros locais estratégicos.

Desde que a organização terrorista palestina Hamas atacou Israel em seu território, em 7 de outubro de 2023, resultando em centenas de mortos e reféns, o país vem combatendo na Faixa de Gaza a milícia apoiada pelo Irã.

Após um ano de combates limitados em sua fronteira norte, Israel também intensificou as ofensivas contra o grupo Hezbollah no Líbano, cuja ala armada é classificada como terrorista pela União Europeia.

Além disso, continuam no Iêmen as investidas contra os houthis, igualmente ligado ao Irã. Na quarta-feira, o grupo rebelde afirmou ter lançado bombardeios “bem no interior do território israelense”. Há ainda relatos de que até 40 mil guerrilheiros alinhados com o Irã estariam de prontidão na vizinha Síria, nas proximidades da fronteira com o Líbano.

Política de segurança iraniana “de dois pilares”

“Guerrilheiros da Síria, Iêmen e Afeganistão já declararam antes sua solidariedade para com o Hezbollah e disposição de combater, caso solicitados”, lembra a especialista em segurança do Oriente Médio Burcu Ozcelik, do think tank Royal United Services Institute. , sediado em Londres

“Vem se condensando há algum tempo o risco de uma coalizão de milicianos árabes, saídos de todo o assim chamado ‘Eixo de Resistência’ [nações e grupos que consideram os EUA e Israel seus inimigos], confluir nas fronteiras porosas da Síria para apoiar o Hezbollah.”

Na opinião da especialista, aumentar o impacto potencial dos proxies iranianos é parte integrante da política de segurança iraniana “de dois pilares”: “Uma capacidade militar nuclear latente; e a mobilização de uma rede de milicianos alinhados, ou o ‘Anel de Fogo’, que inclui o Hezbollah no Líbano, o Hamas e o Jihad Islâmico em Gaza, grupos armados na Síria e no Iraque, e o Ansar Allah, ou movimento houthi, no Iêmen.”

“O primeiro pilar tem servido para conter o Irã de empreender ações abertamente beligerantes contra Israel, por medo de uma retaliação israelense em seu território prejudicar seu programa nuclear, atrasando-o em anos, e a custo alto”, prossegue Ozcelik. Já o segundo pilar, por definição, “exige resiliência organizatória constante e competência militar ofensiva de seus aliados”.

Diante da atual escalada, contudo, não está claro se esses dois pilares bastarão para evitar uma ampla guerra regional: “Se as incursões limitadas de Israel no sul do Líbano resultarem num envolvimento e combate com o Hezbollah em terra, isso pode ativar os guerrilheiros ligados ao Irã para tentarem se infiltrar no Líbano.”

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