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segunda-feira 19 de outubro de 2020 às 16:56h

Como funcionava o esquema de advogados para vender proteção na PF

JUSTIÇA, NOTÍCIAS


A segunda fase da Operação Tergiversação, deflagrada na semana passada, descortinou a existência de um esquema de cobrança de propina por advogados do Rio, que vendiam a seus clientes uma proteção na Polícia Federal, por meio segundo a coluna de Lauro Jardim no O Globo, de um delegado que recebia parte da propina, Lorenzo Pompílio da Hora. Tudo em dinheiro vivo.

A publicação informa que o grupo investigado era formado pelos advogados Rafael Faria, João Baldaque de Mestieri (filho de João Mestieri, criminalista da velha guarda do Rio) e Fernando Guimarães. Outros advogados orbitavam o grupo e eventualmente também participavam de negociatas. O esquema foi revelado por um advogado que fazia parte do grupo e resolveu delatar, Marcelo Guimarães.

Em um dos casos detectados na investigação, eles cobraram propina do empresário Arthur Pinheiro Machado para protegê-lo em um inquérito da PF sobre desvios no fundo de pensão Postalis, dos funcionários dos Correios. E mais: Machado teria negociado o pagamento de propina em troca da proteção de ex-diretores do fundo e de outros personagens envolvidos em irregularidades. Afirmou o delator:

“Fernando Guimarães disse que era advogado de Arthur Pinheiro Machado e gostaria de pagar propina ao DPF Lorenzo para defender Adilson Florencio, Ricardo Oliveira, ALexej e Milton Lyra no inquérito policial do Fundo de Pensão Postalis; que o DPF Lorenzo havia pedido R$ 400 mil reais de propina, mas Arthur acabou pagando R$ 300 mil reais.

Ao pedir busca e apreensão contra os advogados na semana passada, o MPF escreveu:

“A análise conjunta de todas as provas reunidas, a partir dos relatos do colaborador, com as ligações telefônicas e as trocas de mensagens colacionadas, não deixa dúvidas de que Rafael Faria, João Baldaque de Mestieri e Marcelo Guimarães atuaram conjuntamente no período citado para obter, para si e para os agentes públicos responsáveis pela investigação na Operação Titanium e em razão da função pública por estes exercida, vantagens indevidas das empresárias Patrícia Vaz Caldas e Simone Firmino tendo efetivamente recebido ao menos R$ 450 mil reais nesse contexto delituoso”.

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