O favoritismo de João Campos (PSB) para a prefeitura do Recife fez com que o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PT), segurasse os recursos repassados à campanha de Gilson Machado, ex-ministro e candidato à prefeitura pelo partido. Até o momento, segundo dados da Justiça Eleitoral, a campanha do bolsonarista recebeu R$6 milhões da Executiva Nacional do partido — valor inferior aos R$9.776.138,29 de limite de gastos. Para a reta final da campanha, não há previsão de novos repasses.
A aliados, o ex-ministro do Turismo afirma que uma disputa interna no diretório estadual do PL é o motivo do corte e relata dificuldades para seguir com os trabalhos de campanha. Membros do partido, por sua vez, apontam insatisfação com o ex-ministro por ter lançado a candidatura do filho a vereador, Gilson Machado Filho (PL), em detrimento de outros nomes do partido.
Em meio ao racha na capital, o presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto, argumenta que o freio nos repasses à campanha de Gilson se deve ao amplo favoritismo de Campos e já dá indícios de jogar a toalha na corrida pela prefeitura
– Os 75% (de intenção de voto) do adversário. Dinheiro não foi feito para queimar – disse Valdemar ao jornal O Globo.
De acordo com pesquisa Quaest divulgada na semana passada, João Campos (PSB) mantém a liderança na disputa, com 77% das intenções de voto. Em seguida, vêm Gilson Machado (PL) com 8%, e Daniel Coelho (PSD) com 4%. Dani Portela(PSOL) tem 2% e Tecio Teles (Novo), 1%. Considerando a margem de erro de 3 pontos percentuais para mais e para menos, os três últimos estão tecnicamente empatados.
Próximo de Bolsonaro, Gilson Machado encontraria resistências no PL por divergências com Anderson Ferreira, que comanda o diretório estadual da legenda em Pernambuco. Os membros da família Ferreira, que contam com a confiança de Valdemar da Costa Neto, estão afastados da campanha pela prefeitura e escondem o nome do candidato nos materiais de campanha.
– Vários candidatos do partido não estão usando candidato a prefeito no material de campanha porque o Gilson tem um filho que é candidato. Há um sentimento de revolta por estar beneficiando o próprio filho. Eu faço papel de bombeiro para tentar acalmar os ânimos, mas a postura de Gilson não tem sido a de um candidato para a prefeitura.
De acordo com dados da Justiça Eleitoral, Gilson doou como pessoa física R$43 mil para a campanha do filho, que não recebeu repasses do diretório nacional. Enquanto isso, os R$6 milhões angariados até agora por Gilson Machado se devem ao fato de ter como vice Leninha Dias (PL) que, por ser mulher, conta com repasses mínimos assegurados às candidaturas femininas, de acordo com a lei eleitoral.
– Espero que o partido repare o dano que está fazendo no Recife. Eu tenho chance real de ir ao segundo turno – afirmou Gilson Machado ao jornal O Globo.
De acordo com interlocutores, o próprio Bolsonaro teria questionado a Valdemar, por meio de outras pessoas, os motivos da resistência em fazer novos repasses e teria pedido que os valores restantes fossem depositados.