terça-feira 30 de abril de 2024
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Home / ELEIÇÕES 2026 / Com eleição de outubro, Kassab tenta cacifar PSD para 2026
domingo 3 de março de 2024 às 19:04h

Com eleição de outubro, Kassab tenta cacifar PSD para 2026

ELEIÇÕES 2026, NOTÍCIAS


Presidente do PSD, partido com mais prefeituras do Brasil, Gilberto Kassab vem se movimentando para remar na contramão dos nomes mais importantes da política nacional, Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). O dirigente partidário pretende manter, nas eleições de outubro, a dianteira no número de cidades administradas e avançar no Sudeste, onde concentra o maior número de gestores. Liderando as negociações, Kassab se esforça para manter diálogo com os dois polos e não ficar refém do debate nacional.

O presidente do PSD planeja usar a eleição municipal como trampolim para o partido em 2026. Embora tenha três ministros na Esplanada, Kassab já enviou recados ao presidente Lula sobre a possibilidade de não apoiar seu projeto de reeleição e lançar o governador do Paraná, Ratinho Jr. à Presidência. Em 2022, ele ensaiou uma pré-candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao Palácio do Planalto, o que não prosperou. O partido acabou ficando neutro nas eleições presidenciais.

Aliados de Lula desconfiam da fidelidade do presidente do PSD. O receio é reforçado pelo fato de Kassab tentar catapultar o ex-ministro de Bolsonaro Tarcísio de Freitas (Republicanos), de quem é aliado e secretário no governo de São Paulo, como principal liderança da direita no país.

No discurso, o PSD busca o caminho do meio, de centro, mas finca um pé em cada lado do espectro político nos estados. A estratégia já provoca reação, como manifestações recentes do próprio Bolsonaro. O ex-presidente avisou que não vai apoiar “ninguém” do “PSD do Kassab”.

Na capital paulista, Kassab já fez afagos ao pré-candidato do PSOL, Guilherme Boulos, mas declarou apoio à recondução de Ricardo Nunes (MDB) à prefeitura. Ao liderar a articulação política de Tarcísio, Kassab é alvo constante de apoiadores do ex-presidente, mas também sofre rejeição de forças de esquerda locais.

Só em São Paulo, a sigla está no comando de 329 prefeituras, 263 a mais do que conquistou na eleição de 2020. A mudança foi o resultado de um processo agressivo de filiação de gestores, com desfalque significativo para o PSDB.

— O partido é a vida dele. O Kassab faz política 24 horas por dia e gosta — diz o ministro da Pesca, indicado pelo PSD, André de Paula.

Segundo dados em mãos dos partidos, hoje há pelo menos 968 prefeituras comandadas pelo PSD, o que coloca a sigla no topo do ranking. No fim do ano passado, Kassab superou o MDB, que passou a ter 838 prefeituras. Procurado, ele disse por meio de sua assessoria que planeja conquistar mais 750 municípios em outubro.

— Kassab é uma pessoa que deixa muito à vontade os diretórios regionais para decidir. Em Manaus, por exemplo, onde o PL (de Bolsonaro) estiver, o PSD não estará — diz um dos vice-presidentes da legenda, o senador Omar Aziz (AM), integrante da base do governo Lula.

No plano nacional, Kassab tem enfatizado a necessidade de Bolsonaro ter a oportunidade de se explicar sobre as acusações de que liderou uma tentativa de golpe de Estado. O presidente do PSD, porém, diz que o ex-presidente não representa a política e, em entrevista recente ao site Brazil Journal, sinalizou que Tarcísio e Lula devem garantir o diálogo entre direita e esquerda.

Contorcionismo

A postura está ligada às dificuldades encontradas no cenário político. Kassab tem deixado claro que Tarcísio seguirá apoiando Bolsonaro, pois seria uma incongruência abandoná-lo. Por outro lado, segue destacando a necessidade de seu partido dar governabilidade à gestão Lula e da importância do vice-presidente, Geraldo Alckmin, para dar à administração federal um rumo mais próximo do centro.

Entre um polo e outro, Kassab tem feito críticas comedidas. Em dezembro, em encontro com o mercado financeiro, afirmou que o governo não vinha trabalhando pelo equilíbrio fiscal, o que esperava que fosse “revisto”:

— A Dilma (Rousseff) quis comandar e economia, não foi bem. E eu tenho receio que não vá bem se o presidente Lula quiser comandar.

Hoje, Kassab também tenta fazer com que o governo embarque ou pelo menos não trabalhe contra a candidatura de Antônio Brito (PSD-BA) à presidência da Câmara. O líder do PSD na Casa tem sido apontado como um dos quatro principais concorrentes.

Veja também

Projeto melhora atendimento de pacientes cardiológicos do SUS

O projeto Boas Práticas Cardiovasculares, parceria que reúne instituições privadas e o Ministério da Saúde, …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!
Pular para a barra de ferramentas