Ao longo de sete anos em sala de aula, a professora Carri Hicks se acostumou a condições comuns em escolas públicas em diversos Estados americanos: queda de investimento, baixos salários, aumento no número de estudantes por turma, falta de material escolar e fuga de profissionais qualificados.
Frustrada com a falta de soluções por parte de políticos tradicionais, Hicks decidiu enfrentar o problema por conta própria e se candidatou pelo Partido Democrata a uma cadeira no Senado estadual em Oklahoma.
Ela faz parte de uma onda de professores que estão disputando cargos públicos pela primeira vez nas eleições legislativas de 6 de novembro, impulsionados pelo que consideram indiferença de legisladores diante da deterioração da educação pública em várias partes do país.
Nos últimos 10 anos, o financiamento para educação pública em Oklahoma sofreu corte de 28%, mais do que em qualquer outro Estado”, disse Hicks.
“Como resultado, temos salas de aula superlotadas e falta de verbas para itens básicos. Apesar dos baixos salários, muitos professores acabam pagando do próprio bolso por material como cadernos e lápis para os estudantes”, observa Hicks, de 35 anos, que leciona Matemática e Ciências para alunos do quarto ano do Ensino Fundamental.
Movimento
Nos Estados Unidos, a educação pública é gerida individualmente pelos Estados, que têm autonomia para decidir sobre investimentos, salários e funcionamento das escolas.
Oklahoma faz parte de um grupo de Estados em que governos republicanos implementaram uma política de corte de impostos e gastos públicos. Segundo críticos, essas medidas acabaram prejudicando setores como o de Educação.
Em Oklahoma, a falta de financiamento chegou a fazer com que algumas escolas públicas abrissem somente quatro dias por semana. O salário médio anual de um professor no Estado gira em torno de US$ 45 mil, ou US$ 3.750 mensais sendo assim um dos menores salários do país.
Para profissionais em início de carreira, os valores podem ficar abaixo de US$ 30 mil, montante inferior ao pago em outros setores que exigem o mesmo nível educacional.
Muitos professores em diferentes Estados são obrigados a ter um segundo emprego para sobreviver. Os mais qualificados acabam abandonando a profissão ou buscando trabalho em partes do país que oferecem melhores condições.
Essa situação gerou uma revolta de professores em abril deste ano. O movimento foi iniciado em West Virginia, com reivindicações de melhores salários e plano de saúde, e rapidamente se espalhou por outros cinco Estados, com protestos e paralisações, que em alguns locais se estenderam por mais de uma semana.
Por Alessandra Corrêa