Em quatro meses, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) já instalou 186 módulos sanitários de desidratação em oito municípios piauienses. A nova tecnologia melhora a realidade de inúmeras famílias do semiárido em um cenário que aponta o Piauí como o estado que apresenta a maior proporção de moradores do país sem banheiro na residência, de acordo com levantamento divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conhecido como banheiro seco, a nova tecnologia dispensa o uso de energia elétrica e de água para remoção dos dejetos em localidades sem acesso a saneamento. De setembro de 2023 a janeiro de 2024, a Codevasf viabilizou a instalação de módulos sanitários nos seguintes municípios: Aroeiras do Itaim, Belém do Piauí Caridade do Piauí, Curral Novo, Francisco Macedo, Santana do Piauí, São José e Sussuapara. Até março deste ano, há previsão de concluir a implantação de mais 47 unidades distribuídas nos municípios de Jacobina e São João do Piauí.
A escolha dos núcleos familiares beneficiados com o módulo sanitário segue critérios de priorização dos municípios, de acordo com a localização no semiárido, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o déficit de banheiros em domicílios rurais, o que precariza a realização das necessidades fisiológicas por parte destas famílias.
O superintendente regional da Codevasf no Piauí, Marcelo Castro Filho, explica os benefícios do equipamento para as localidades beneficiadas. “No ano passado, assinamos Termo de Responsabilidade com 10 prefeituras piauienses visando a instalação de 233 banheiros secos, processo que está em fase final. É uma solução sanitária não conectada à rede de esgoto que necessita apenas de incidência solar e ventilação natural para que ocorra o tratamento de resíduos. Estas pessoas, que antes não tinham banheiro em casa, não precisam mais descartar dejetos em locais inadequados. Higiene também é saúde e qualidade de vida”, ressalta.
O funcionamento do módulo é por meio de receptáculo em sistema carrossel e uma janela que propicia a desidratação e a redução do volume em 90% dos resíduos fecais. O descarte do resíduo fecal pode ser feito de 2 a 4 meses pelo próprio usuário em vala rasa, bastando o usuário abrir a janela que fica fixada por meio de borboletas rosqueada na base do módulo. O tratamento da urina é por infiltração no solo.
Além do fornecimento e instalação dos módulos, a ação também contempla mobilização social, capacitação dos beneficiários e monitoramento para garantir o uso correto e melhor aceitação por parte dos beneficiários.
Levantamento do IBGE
Novo recorte do Censo Demográfico 2022, os dados do IBGE apontam que cerca de 5% da população do estado não tem banheiro ou sanitário no domicílio, um total de 164 mil piauienses, o maior indicador do país. Porém, em 12 anos, segundo a estatística, houve um aumento considerável de moradores com acesso a melhores condições sanitárias no Piauí, já que em 2010, o número de habitantes sem o cômodo chegou a 652 mil. Acre, Maranhão e Roraima também estão na lista de federações que mais registram ausência de banheiro em casa.