segunda-feira 23 de dezembro de 2024
Castro usa viagem a Portugal como justificativa para não comparecer a ato na Paulistas, mas aliados falam em estratégia para aplacar ânimos no Judiciário — Foto: Reprodução/Instagram
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terça-feira 27 de fevereiro de 2024 às 11:17h

Cláudio Castro diz que não foi a ato de Bolsonaro para evitar desgastes com o STF, mas aliados veem ‘ingratidão’ e ‘jogo duplo’

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse ao seu entorno ter sido aconselhado a não comparecer no ato que reuniu milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no domingo (25), para evitar desgastes com o Supremo Tribunal Federal (STF). O governador é investigado pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento em um esquema de corrupção e, por isso, estaria tentando manter um bom relacionamento com o Judiciário.

Oficialmente, Castro alegou ter uma viagem a Portugal, para onde embarcou na última sexta-feira. Procurada, a assessoria do governador disse que ele ficará no país até amanhã, quando participará de uma feira de turismo.

A ausência ocorre em meio a acenos do governador fluminense à mais alta Corte do país. Na semana passada, por exemplo, ele esteve na posse do ministro Flávio Dino, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (STF).

Em dezembro do ano passado, o ministro Raul Araújo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático de Castro no âmbito da Operação Sétimo Mandamento.

Na ocasião, a PF apreendeu R$ 128 mil e US$ 7.535 na casa do irmão do governador, Vinícius Sarciá Rocha. Também foram encontradas anotações e planilhas com nomes, valores e porcentagens.

Quando as apurações da PF começaram, Sarciá trabalhava na Fundação Leão XII, que administrava contratos sob investigação. Na operação que quebrou seus sigilos, Castro afirmou que a ação não trazia “nenhum novo fato à investigação”, “que não há nada contra ele, nenhuma prova” e que recebia a quebra com “tranquilidade”.

Estreitamento com Lula

Além de acenos ao Judiciário, outra preocupação de Castro tem sido estreitar laços com o governo federal, no intuito de garantir mais investimentos para o Rio. No início do mês, o governador esteve em uma agenda do presidente em Magé, na Baixada Fluminense.

A justificativa de evitar desgaste não convenceu parte dos aliados de Cláudio Castro, que classifica sua postura como “falta de gratidão” ao ex-presidente. A ala mais ideológica aponta ainda que Castro estaria tentando fazer um “jogo duplo”, ou seja, agradar tanto o governo federal quanto o bolsonarismo. Para esse grupo, ele não estaria tendo êxito, já que tem sido vaiado em eventos de Lula e irritado bolsonaristas.

No PL, a repercussão foi negativa. Quatro governadores bolsonaristas marcaram presença: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC) e Ronaldo Caiado (União-GO). Integrantes do PL ressaltam que Jorginho Mello retornou dos Emirados Árabes para estar ao lado do ex-presidente.

Entre os 27 governadores, 13 se elegeram com o apoio de Bolsonaro. Nove deles, contudo, não participaram da manifestação na Avenida Paulista. Entre eles está o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), que participou de uma ação de combate à dengue no domingo. Antonio Denarium (PP-RR) também se ausentou e, segundo sua assessoria, o motivo foi o período de seca no estado, que deixou nove municípios em estado de emergência.

Já o governador de Mato Grosso do Sul, o tucano Eduardo Riedel, não escondeu que não havia interesse em comparecer. Aliado da ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro, Tereza Cristina (PP), Riedel afirmou fazer parte da “direita preparada”, contrária à polarização no país.

— A polarização é um desserviço para o Brasil. Tenho uma agenda carregada, não estive no 8 de Janeiro, que acho que foi um ato político, como esse também foi. Ficar alimentando discussões rasas em eventos políticos não agrega — disse Riedel ao jornal O Globo.

Procurados, os governadores do Acre, Mato Grosso, Amazonas, Rondônia e Tocantins, que também se ausentaram, não responderam até o fechamento desta edição.

A ida de Zema, por sua vez, foi lida como uma tentativa de se cacifar para as eleições presidenciais de 2026 como nome do bolsonarismo, com o qual tem histórico de resistência.

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