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Mapa com a precipitação de chuvas até 2040 — Foto: Inpe
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sexta-feira 10 de maio de 2024 às 07:54h

Chuvas extremas no sul do país terão aumento de 60% em 30 anos, aponta Inpe

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A tendência de aumento de chuvas e secas extremas já é objeto de previsões e foi mensurada para cada município do país nas próximas décadas. No Rio Grande do Sul, onde dezenas foram mortos e milhares afetados após inundações, o volume de tempestades em algumas cidades terá elevação de 60% no período compreendido entre 2011 e 2040. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foram compilados no Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil, do governo federal.

As maiores chances de chuvas extremas até o meio do século estão concentradas no nordeste do estado gaúcho e centro-sul de Santa Catarina, com percentuais que variam entre 40% e 60%. No restante do Rio Grande do Sul, a elevação das chuvas tende a variar entre 20% e 40%.

O mesmo aumento de chuvas extremas é observado no litoral do Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão e Bahia. O mapa das áreas com maiores chances de chuvas extremas, secas e possíveis desastres no país foi elaborado por pesquisadores da PUC-Rio, Uerj, UFRB, Metodista e Fiocruz, a partir dos modelos estatísticos do Inpe, e está à disposição do governo federal e da sociedade civil desde o início do ano.

A pesquisadora do Inpe, Chou Sin Chan, uma das responsáveis por elaborar o modelo, explicou ao GLOBO que são consideradas diversas variáveis, entre elas: radiação solar, temperatura, pressão, força dos ventos, e histórico de chuvas. As variáveis locais são multiplicadas pelo índice de gases de efeito estufa, que tem aumentado em todo o mundo. As médias de gases são estabelecidas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

– A parte do modelo que é diretamente afetada com o aumento de gases de efeito estufa é a radiação, em seguida muda a temperatura, o aquecimento das superfícies, vento, as coisas vão se desencadeando. Cada ponto de todo o planeta tem um valor de vento, umidade e pressão: é assim que o modelo evolui. Se mudou a temperatura em todo o planeta, o que vai acontecer nessa região? São respostas que o modelo matemático traz. O clima se organizou de uma forma em que alguns lugares chove mais, e outros não chove. Os cenários indicam mesmo o aumento de chuva no sul e menos no centro do país.

O mapa do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil também aponta para as regiões que sofreram com extrema seca. O norte de Minas Gerais e o sul da Bahia terão, segundo o modelo, uma queda de 20% no volume de total de chuvas até 2040. Quando é considerado o volume de chuvas intensas, essa queda pode chegar a 60%.

Cidades pouco resilientes

O levantamento ainda mostra que 3.290 cidade no país têm capacidade muito baixa de resposta a desastres climáticos. O Índice de Capacidade Municipal (ICM) leva em conta se o município investiu em prevenção aos desastres climáticos que poderá enfrentar. A maior parte das cidades no Rio Grande do Sul tem capacidade intermediária de respostas. Os piores resultados estão em estados do Centro-Oeste e Nordeste do país, como Goiás, Mato Grosso, Tocantins, Piaui, Maranhão e Bahia.

O estudo também aponta para o Índice de Risco Qualitativo (IRQ), que são as chances de cada município sofrer um desastre, seja inundações, deslizamentos ou secas. Os riscos estão por praticamente todo o país, tomando pelo menos 80% do mapa. As ameaças medidas são: alagamento, enxurrada, seca, incêndios florestais, erosão, granizo, inundação, movimento de massa, onda de frio, ciclone, vendaval e tornado.

– Dentro dos modelos matemáticos, existem várias variáveis, existem a quantidade de chuvas por ano, as chuvas extremas por ano, a quantidade seguida de dias de chuva e quantidade de seca, e dias mais frios do ano. A combinação dessas variáveis vai mostrar que determinada ameaça vai aumentar ou diminuir. Uma inundação, por exemplo, depende mais da quantidade de chuvas extremas. Para os deslizamentos, o mais importante é a quantidade de chuvas contínuas, junto com chuvas extremas – explicou o geógrafo e professor da Uerj, Francisco Dourado.

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