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quarta-feira 27 de julho de 2022 às 05:58h

Cesar Maia diz a jornal que, para derrotar Bolsonaro, superou rixa com Lula

DESTAQUE, NOTÍCIAS, POLÍTICA


Confirmado vice na chapa de Marcelo Freixo (PSB) ao governo do Rio, Cesar Maia (PSDB) se diz empolgado entrevista ao jornal O Globo para o desafio, aos 77 anos. A aliança, considerada inusitada dado o fato de os dois terem caminhado em campos políticos díspares no últimos anos, é motivada por aquilo que a família Maia entende como uma “necessidade de se colocar no quadro nacional atual”, polarizado entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro, segundo o próprio Cesar.

Para se opor aos ataques às instituições e ao sistema eleitoral vindos do bolsonarismo, o tucano diz “não ver problemas” em dividir palanque no Rio com Lula, com quem acumulou brigas quando era prefeito e o petista ocupava a Presidência. Hoje, Lula é o principal apoiador da chapa da qual faz parte.

Em entrevista ao O Globo, Cesar diz acreditar que a disputa estadual já está desenhada no primeiro turno pela polarização entre Freixo e o candidato bolsonarista, o governador Cláudio Castro (PL), que busca a reeleição. Por crer que passará ao segundo turno ao lado de Freixo, ele diz que conta à frente com o apoio do prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PSD), que aposta na chapa formada por Rodrigo Neves (PDT) e por seu afilhado político Felipe Santa Cruz.

—Tanto a eleição nacional, quanto a estadual, serão resolvidas em dois turnos. Os primeiros turnos, nos dois casos, já estão desenhados. Uma eleição em duas etapas produz convergências — afirma ele, sobre a vontade de ainda contar com o apoio de Paes contra o bolsonarismo representado por Castro.

“Pouco inteligente”

Convidado por Santa Cruz e Neves para ser vice na aliança que conta com o apoio do atual prefeito, Cesar migrou para o lado de Freixo. A interlocução foi feita por seu filho, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (PSDB). A decisão simbolizou mais uma ruptura da família Maia com Paes, que foi lançado na política pelo próprio Cesar, nos anos 1990, e com o qual vive um histórico de idas e vindas.

Desde então, a campanha de Neves e o prefeito passaram a mirar críticas em Freixo, a quem definem como “aquele que dará a vitória a Castro”. O tucano diz já ter avisado a Paes que a estratégia é “pouco inteligente”.

— Tive oportunidade de dizer a ele, em uma ocasião, que isso era um erro e que só reforçaria seu adversário. Ele ficou de rever. Neves também não poupou críticas a Freixo em entrevistas. Já disse que pode se voltar contra ele — diz.

Quando questionado sobre o porquê de apostar em Freixo , o tucano é lacônico.

— A diferença qualitativa é óbvia — se limita a dizer.

Se a confirmação como vice de Freixo — e a consequente campanha por Lula — soa inusitada pelo histórico de brigas com o petista nas últimas décadas, Cesar afirma que a aposta é na “questão democrática”.

— A democracia acaba posta em risco pelos ataques a instituições como o Supremo Tribunal Federal, que deixam a conjuntura nacional instável. A eleição de Lula reconstrói este quadro — diz ele, que garante não ver problemas em dividir espaço no palanque com o adversário histórico.

O histórico de desavenças com Lula remonta aos anos 2000, quando o governo do então presidente promoveu a intervenção federal no sistema municipal de Saúde do Rio. Cesar tentou barrar o movimento na Justiça, acusou uma motivação política e comparou o petista ao venezuelano Hugo Chávez, pela “vocação autoritária”. Seu partido, o PFL ainda antes de se rebatizar DEM, afirmou se tratar de uma tentativa de Lula de abater na raiz uma possível candidatura de Cesar à Presidência no ano seguinte.

Hoje, porém, Cesar diz ter deixado as mágoas para trás e nega que a empreitada ao lado de Freixo seria uma espécie de “ato final” da sua vida política.

— Pela minha disposição hoje, virão muitas candidaturas.

Derrotado ao Senado em 2014 e 2018, o hoje vereador confessa ainda não saber qual será o seu papel na campanha de Freixo, mas garante que pretende levar a sua experiência de gestor para convencer eleitores de centro, em regiões consideradas “calcanhares de Aquiles” do pessebista, como o interior do estado.

—Essa parceria não é inusitada, dado o meu histórico que tem raízes na esquerda. Assumirei o papel que Freixo achar mais interessante nesta campanha, sempre com o objetivo de ampliar, quero colaborar com a experiência de quem já foi prefeito por três vezes — afirma.

Questionado sobre a capilaridade da campanha de Castro, que conta com 13 partidos ocupando cargos no primeiro escalão do governo e com apoios de 85 prefeitos, Cesar lembra o passado e garante que sairá vitorioso.

— Fui secretário de Fazenda do Brizola e participei intensamente da campanha. O governo de Castro é uma versão do chaguismo, que pelas mesmas razões nos levará à vitória — conclui, referindo-se ao ex-governador Chagas Freitas, que virou sinônimo de clientelismo.

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