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quarta-feira 16 de novembro de 2022 às 14:23h

‘Cemitério’ de navios oferece riscos ambientais à baía de Guanabara

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Um cemitério flutuante de décadas, com navios fantasmas sem tripulação espalhados pelas águas da baía da Guanabara, no Rio, foi a origem do acidente que atingiu a ponte Rio-Niterói no início da noite de segunda (14). Foi desse conjunto de barcos comidos pela ferrugem e pelas cracas que saiu o petroleiro São Luiz, cuja ancoragem, sob a pressão de ventos de mais de 50 km/h, cedeu.

O rompimento permitiu que o navio fosse lentamente arrastado, até bater no guarda-corpo da estrutura, que balançou. O incidente, que cortou por três horas a principal ligação rodoviária entre a atual e a antiga capital fluminenses, não surpreendeu; porém, ambientalistas e engenheiros acompanham há anos o problema e seus riscos ambientais e à navegação. Após vistoria técnica, a ponte foi reaberta nesta terça (15).

“Ao longo deste tempo, cresceu o risco de vazamento de óleo, outras substâncias químicas e metais pesados oriundos dessas embarcações que apodrecem no fundo da baía ou ancoradas de forma precária e insegura, sem dispor da devida fiscalização periódica que deveria ser realizada por órgãos ambientais, como o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) ou o Ibama (federal), nem mesmo pela Capitania dos Portos”, afirmam os ativistas do Movimento Baía Viva, em nota.

A ONG, que monitora a baía desde 1984, afirma que “o cemitério de navios que assombra há 30 anos a baía põe em risco a vida dos cariocas”.

Os ativistas dizem alertar periodicamente as autoridades sobre o risco de desastres ambientais nas águas da baía causados pelas embarcações afundadas ou abandonadas há anos. Chamam de “hipocrisia” a alegação dos responsáveis de desconhecerem o problema.

“No canal de São Lourenço, em Niterói, onde há cerca de três décadas mais de uma centena de barcos, chatas e outras embarcações de vários portes está abandonada, apodrecendo, há crescentes impactos ou prejuízos à pesca e o impedimento da navegação”, continuam.

Lixo náutico

Não há levantamento preciso do número de barcos abandonados na baía. Algumas fontes falam em dezenas de navios inutilizados ou envolvidos em imbróglios judiciais. Somam-se ao lixo náutico — cascos, peças e equipamentos — e ao lixo urbano e esgoto também despejado pelos municípios. São ao menos 18 mil litros de esgoto doméstico por segundo, de sete municípios do estado.

O jornalista e ambientalista Emanuel Alencar, autor do livro Baía de Guanabara — Descaso e Resistência (2021), afirma que um levantamento da Capitania dos Portos para a obra mostrou 78 embarcações abandonadas. Algumas estão lá, sem ninguém a bordo, há mais de 40 anos. Ficou caro operá-las ou livrar-se delas. São, então, ancoradas e abandonadas.

Os navios abandonados na baía já foram alvo de reportagens nos últimos anos. Em abril do ano passado, em resposta ao portal Metrópoles, a Marinha informou que, então, na baía de Guanabara, havia “aproximadamente dez cascos de embarcações fundeadas ou encalhadas por seus proprietários”.

Na época, a Marinha informou que as atividades de inspeção naval rotineiras “não apontavam situações que implicassem comprometimento da segurança da navegação nem risco de poluição hídrica”.

Também ao Metrópoles, o Inea, ligado ao governo fluminense, informou que só atua em caso de acidente de derramamento de óleo ou outros produtos nocivos ao ambiente e atribuiu a responsabilidade pelas embarcações abandonadas a seus proprietários, “independentemente do estado de conservação”.

O Estadão tentou contato ontem com a Capitania dos Portos e o Inea para comentar o abandono de navios, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

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