Segundo o colunista Chico Alves, não faltam avisos trágicos aos governantes de que os desastres climáticos estão cada vez mais rigorosos. O que aconteceu no litoral paulista, devastado no fim de semana por uma precipitação recorde de chuvas, é apenas a mais recente dessas ocorrências. Apesar da escalada de prejuízos, que já atingiu vários estados brasileiros, as autoridades continuam a agir como se o meio ambiente fosse o mesmo de antes.
Em entrevista ao Uol News, Osvaldo Moraes, diretor do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), destacou que as autoridades agem de forma equivocada tanto na prevenção quanto na administração dos efeitos pós-catástrofes.
Quanto às ações preventivas, Moraes alerta para a necessidade de retomar o plano nacional de gestão de risco e respostas a desastres. “Tivemos no passado, mas não foi implementado em sua plenitude”, lembrou. “O desenvolvimento urbano não planejado é uma ameaça tão séria quanto um evento extremo”.
Na forma de lidar com os estragos, as autoridades também estão errando. “Muitas vezes somos afetados por um desastre e nós reconstruímos o nosso meio de vida exatamente como foi construído antes do desastre, sem levar em conta que a ciência está aí para dar orientação de como essas reconstruções devem ser feitas”, criticou o diretor do Cemaden.
Como se vê, além do problema da redução extrema das verbas para prevenção e resposta a desastres naturais, há uma questão ainda mais grave a ser resolvida para enfrentar essas tragédias. Mesmo que se destine a quantidade de recursos ideais para tratar do problema, é preciso botar a cabeça para funcionar (cientistas estão aí para isso) com o objetivo de encontrar soluções inovadoras.
Quando se vê que não estão sendo colocadas em prática nem mesmo as antigas estratégias, como a simples instalação de sirenes em áreas de risco ou a orientação emergencial à população, difícil imaginar que novas medidas sejam colocadas em prática em pouco tempo.
Mesmo contra todas as probabilidades, é preciso que os governantes persigam essa meta e saiam urgentemente da mesmice.
Como sabemos, os próximos eventos climáticos extremos infelizmente não vão demorar a se repetir.