A Justiça mandou segundo Eliane Cantanhêde, do Estadão, recados a torto e a direito, ou melhor, à esquerda e à direita, quando o TSE cassou por unanimidade o mandato do deputado e ex-procurador Deltan Dallagnol e, em seguida, a maioria do Supremo votou pela prisão do ex-presidente, ex-governador e ex-senador Fernando Collor.
Independentemente do mérito e das discussões jurídicas sobre as duas decisões, sobretudo a que atingiu Dallagnol, o resultado político é claro: todo mundo está de cabelo em pé, desde os líderes da Lava Jato, como Dallagnol, até os seus alvos, como Collor.
Quando Dallagnol foi cassado, inclusive com o voto do bolsonarista Nunes Marques, o foco desviou para Sérgio Moro, o juiz da Lava Jato que trocou a magistratura pelo Ministério da Justiça do governo Jair Bolsonaro, saiu batendo a porta e virou, simultaneamente, senador e alvo da própria Justiça.
Depois, porém, o foco abriu para todo lado, quem comemorou a cassação de Dallagnol viu que o pau que bate em Chico também bate em Francisco e uma dúvida voltou a assombrar deputados, senadores, governadores, prefeitos e, quem sabe, um ministro ou outro: qual será o próximo?
Até aqui, assistiu-se à luz do dia à cambalhota que transformou a Lava Jato em pó, seus heróis em réus, os alvos em vítimas e tenta reverter até os acordos de leniência, pelos quais empresas envolvidas em corrupção devolveram grandes somas aos cofres públicos.