Candidatura de Hugo Motta atrai o PP e provoca divisão em grupo de Elmar Nascimento

A entrada do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) na disputa pela presidência da Câmara teve efeitos no grupo de sustentação da candidatura de Elmar Nascimento (União Brasil). Uma ala do PP, principal partido do bloco de Elmar após o União Brasil, já admite segundo o colunista Lauriberto Pompeu, do O Globo, que Motta é o que tem mais chances de ter o apoio da legenda.

Hugo Motta é próximo do presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), e também do líder da sigla na Câmara, Doutor Luizinho (RJ). Ainda assim, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-Al), não bateu o martelo sobre o apoio e tenta dialogar com Elmar.

Além de endossar o nome de Motta, Ciro articulou um encontro do líder Republicanos com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na manhã de terça-feira. Aliados estão confiantes de que o deputado do Republicanos terá o apoio do PL.

Depois, Motta também se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia dos apoiadores do candidato é que ele seja avalizado por Lira, pelo governo e pela oposição.

Elmar e Motta são líderes de seus partidos e ambos têm proximidade com o presidente da Câmara, que ainda tenta chegar a um acordo antes de anunciar o nome que vai apoiar. Lira tem dialogado com Elmar em busca de um consenso, mas ainda não houve uma decisão.

Mesmo aliados de Hugo Motta dizem que Lira tem uma proximidade pessoal maior com Elmar do que com o líder do Republicanos. Ao mesmo tempo, o entorno de Motta pondera que o presidente da Câmara vai querer apoiar o candidato mais viável e que Elmar sai prejudicado na disputado por ter resistência do governo.

Desde o anúncio da candidatura de Motta na noite de terça-feira, Lira e Elmar se reuniram pelo menos três vezes, mas o líder do União resiste a retirar a candidatura.

Outro candidato, o líder do PSD, Antônio Brito (BA), também diz que mantém a candidatura.

— Sigo firme com minha candidatura — disse.

De acordo com integrantes do Palácio do Planalto, o governo não pensa em oferecer ministérios para que Elmar e Brito desistam. O entendimento é que cabe agora a Lira tentar construir um acordo para que Elmar e Brito saiam da disputa.

Uma das possibilidades de acordo é convencer os ministros do Tribunal de Contas da União Aroldo Cedraz a Augusto Nardes a anteciparem a aposentadoria e, consequentemente, deixar duas vagas na Corte de Contas para os deputados.

O governo vê com bons olhos o nome de Motta para a presidência da Câmara e avalia que ele pode unir diferentes alas da Câmara.

Apesar do bom trânsito com líderes e Lira, Elmar costuma ser criticado por não dar atenção a maioria dos deputados.

Mesmo com a reviravolta na candidatura do Republicanos, PDT e PSDB sinalizaram que vão manter apoio ao líder do União.

— Mantemos o apoio. Quando se dá uma palavra, o certo é mantê-la. E sempre achamos que tem todas as qualidades para suceder o Arthur e a experiência necessária para se relacionar com os demais Poderes – disse o líder da maioria na Câmara e presidente interino do PDT, André Figueiredo (CE).