O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escalou seus principais auxiliares para conversar com os candidatos que querem ocupar o cargo de procurador-geral da República. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre de Padilha, começou a estabelecer contatos com integrantes do Ministério Público Federal (MPF). Também participam do processo o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o advogado-geral da União, Jorge Messias. O mandato de Augusto Aras termina em 26 de setembro.
Segundo Isadora Peron, Fabio Murakawa e Luísa Martins, do jornal Valor, até os integrantes da lista tríplice estão passando por uma espécie de sabatina informal. Lula já sinalizou que não deve seguir a relação elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), mas a ordem dentro do governo é ouvir todo mundo. O próprio petista disse, nessa terça-feira, que pretende “conversar com muita gente” antes de tomar uma decisão.
Acho que as pessoas precisam aprender a fazer bem para este país”
— Presidente Lula
Um interlocutor do presidente confirmou as entrevistas dos candidatos. “Conversar não tira pedaço”, disse. De acordo com um outro integrante do governo, contudo, tratam-se de “sondagens iniciais” e esse assunto ainda está “longe de um desfecho”.
Oficialmente, o presidente da ANPR, Ubiratan Cazetta, aguarda uma audiência com Lula para entregar a lista tríplice, composta pelos subprocuradores da República Luiza Frischeisen, Mario Bonsaglia e José Adonis.
Aras, por sua vez, tem feito uma campanha ostensiva para ser reconduzido. O atual PGR conta com o apoio de alas influentes do PT, mas pesa contra ele a proximidade que manteve com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao discursar na abertura do segundo semestre de trabalhos no Supremo Tribunal Federal (STF), nessa terça-feira, o PGR admitiu que essa pode ter sido a sua última fala na Corte.
Hoje, um dos nomes apontados como favorito para comandar o MPF é o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet. Ele conta com o apoio dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Outros subprocuradores também costumam ser citados, entre eles Carlos Frederico Santos, coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, e Antonio Carlos Bigonha, que tem proximidade com lideranças petistas.
A sucessão na PGR foi abordada por Lula nessa terça-feira, no programa semanal “Conversa com o Presidente”. Ele disse que pretende escolher para a o cargo “alguém que não faça denúncia falsa” e que perdeu a confiança no Ministério Público depois da atuação do órgão na Operação Lava-Jato, que acabou levando-o à prisão. “Quero conversar com muita gente, ouvir muita gente, porque eu acho que as pessoas precisam aprender a fazer bem para este país”, disse Lula.
O presidente classificou o ex-procurador Deltan Dallagnol, que coordenou a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, e o ex-juiz Sergio Moro de “bando de aloprados” e disse que a atuação deles na operação levou ao “fascismo” representado por Bolsonaro, a quem chamou de “maluco beleza”.